Você sabia que 59,2% das matrículas feitas em instituições de Ensino Superior públicas e 53,7% das privadas são de pessoas de 19 a 24 anos? É o que dizem as estatísticas do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2022, feito pelo Instituto Semesp. Esses dados podem ser grandes empecilhos para quem pensa em como fazer faculdade depois dos 30 anos.
No imaginário do senso comum, o estudante de pré-vestibular e os ingressantes em universidades têm, idealmente, menos de 20 anos. Por isso, pensar que a faculdade não é mais um lugar para você, quando já passou dessa faixa etária, é mais do que natural.
No texto de hoje, a Coruja te conta quais os pré-requisitos para entrar em um curso superior e como é fazer isso depois dos 30 anos, tendo que conciliar rotina de estudos com outras responsabilidades, decidir pela mudança de carreira e lidar com as diferenças de idade encontradas pelo caminho. Vem com a gente!
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Existe idade certa para fazer faculdade?
Diferentemente do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, não existe idade certa para fazer faculdade no Brasil. O único pré-requisito para ingressar em uma instituição de Ensino Superior é ter concluído as etapas básicas de estudo até a data da matrícula.
Por isso, os motivos para começar um curso de graduação mais tarde do que se espera são vários: desde a falta de oportunidade ao sair da escola, busca por um diploma que traga uma melhor posição no mercado de trabalho, até a vontade de experimentar uma nova carreira.
Dados do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2022, demonstram que entre os 3,1 milhões de inscrições no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, 28% possuíam mais de 30 anos. O mesmo levantamento ainda aponta que 21,3% dos estudantes de instituições privadas de Ensino Superior e 14,3% de instituições públicas são chefes de família, independente do sexo.
Vinicius Dias, de 35 anos, aprovado em Sistemas de Informação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), enxerga a diferença de idade em relação aos seus colegas de faculdade com bons olhos. “Eu até brincava com o pessoal que eu conheci fazendo curso pré-vestibular, porque eles geralmente têm 17 anos. Eu falava: ‘Ó, quando vocês nasceram eu estava fazendo vestibular pela primeira vez’”, conta.
Enquanto Dias aguarda o início das aulas, Paulo Souza, de 42 anos, que estuda Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Paraná (UFPR), já passou pelo primeiro semestre e também comenta a convivência com os estudantes mais jovens: “Acho que eles ainda mantém um respeito pelos meus cabelos brancos. Quem sabe com o tempo isso passa. Porém não é nada ruim. É só diferença de idade mesmo”.
Preparação para o vestibular
Entender que é possível e aceitar a ideia de ingressar em um curso de graduação após os 30 anos pode ser difícil. Mas depois dessa etapa, vem uma que exige muito foco e um certo malabarismo dentro da rotina do pré universitário.
Isso porque, querendo entrar em uma universidade pública ou privada, é necessário estar bem preparado para a prova que garantirá a vaga para a mudança de vida que você sonha. O Paulo e o Vinicius, por exemplo, tiveram que voltar a se dedicar aos estudos para ingressarem pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e pelo vestibular da universidade, respectivamente.
Paulo, que voltou a estudar 25 anos após a formatura do Ensino Médio, conta que encaixar os estudos em sua rotina foi complicado no começo, principalmente porque ele enxergava o cursinho como uma obrigação. “Você tem que traçar um objetivo e saber que para chegar lá algumas coisas ficarão pelo caminho. Eu deixei de ver seriados, filmes, quase não via TV. Estudei todo dia… E não foram poucos os finais de semana em que passei a tarde fazendo simulado e a outra vendo a correção. É difícil mas é satisfatória. Exige dedicação e esforço. Com o tempo vira uma rotina, aí fica mais fácil”.
Já no caso de Vinicius, ele explica que não tinha ambição de ingressar na UFSC, e que pretendia fazer um curso de Ensino a Distância (EaD) em uma faculdade particular. Ele só resolveu fazer a inscrição e começar os estudos faltando dois meses para a prova. Fazia 17 anos que Vinicius tinha concluído o Ensino Médio.
“O estudante, quando já tem uma certa idade, tem que se deparar com uma série de desafios do dia a dia. Fazemos um planejamento ali, mas a vida está sempre entrando no caminho. Como o período de preparação foi muito curto, eu tive que aproveitar cada segundo. Fiz um cronograma diário e tentei despender o máximo de tempo, e estar sempre priorizando as disciplinas que eram mais importantes para o curso”, conta.
Vestibular 60+ Uema
Implantado em 2021 pelo Conselho Universitário (Consun) e pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), a Universidade Estadual do Maranhão (Uema) oferece um vestibular exclusivo para pessoas com mais de 60 anos. O processo é uma política pública de inclusão de idosos no Ensino Superior, que destina 5% das vagas remanescentes do Processo Seletivo de Acesso à Educação (PAES) a estudantes dessa faixa etária.
Apesar de nem todas as instituições destinarem vagas exclusivas a pessoas mais velhas, não são raros os casos de idosos que ingressam no Ensino Superior. O enfermeiro Francisco Almir Freitas, de 64 anos, foi aprovado em nono lugar no curso de Medicina em uma universidade particular do Ceará e ingressará no segundo semestre de 2022.
Já Edicleia Zanini, que havia deixado os estudos básicos aos 14 anos, finalizou o Ensino Médio pelo programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e ingressou no curso de Letras – Português, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), aos 72 anos.
Apoio da família
Se você tem mais de 30 anos e está pensando em entrar na faculdade agora, talvez já tenha que arcar com responsabilidades conjugais e maternais ou paternais, além das de trabalho e vida no geral. E por mais que bata aquela insegurança em relação ao bem-estar da família na hora de buscar um novo caminho profissional, o ideal é ressignificar o cenário e contar com o apoio das pessoas mais próximas sempre que for possível durante a preparação.
Esse apoio pode aparecer de várias formas: na troca de tarefas, compreensão sobre sua dedicação a algo novo, respeito ao seu local e horário de estudos, e até apoio emocional na hora que a ansiedade bater no pré-prova.
Paulo contou com o apoio dos amigos quando resolveu ingressar na sua segunda graduação: “Não sei se acreditaram que eu poderia passar, mas disseram que seria bom para mim”, conta.
Já para Vinícius, as relações foram um pouco mais complicadas durante a preparação: “A minha mãe já esperava [que eu fosse cursar outra faculdade], ela sabia que tinha ali alguma coisa em ebulição. Eu acho que a família confia na serenidade da escolha… aí eles ainda me dão uma moral. Mas nem todo mundo, por exemplo, hoje eu não tenho namorada, talvez tenha influenciado ou não, mas faz parte”.
Motivação para se dedicar ao novo
Está em dúvida sobre trocar ou não de carreira e começar um novo ou o primeiro curso de graduação do zero? Saiba que você não é o único. Uma pesquisa do instituto ADP Research, publicada em maio de 2022, apontou que quatro em cada cinco brasileiros desejam mudar de emprego.
“Mudar de carreira, neste contexto, possui relação direta com a busca por melhor qualidade de vida. Não é somente ganhar mais, mas chegar ao final do dia com o sentimento de satisfação pelas realizações obtidas”, explica Mariane Guerra, vice-presidente de RH para a América Latina da ADP, em entrevista à CNN Brasil.
“Velho é aquele que parou de aprender, que deixou de buscar coisas, de se atualizar. A vida se arrasta e se torna muito pesada quando a gente desiste de buscar os nossos sonhos. Então para quem tem um anseio, um sonho, tem que correr atrás e vai valer a pena”, avalia Vinicius.
Mudança de carreira
A vontade de mudar de carreira e se aventurar em um segmento novo, ou até semelhante ao atual, pode aparecer pelos motivos mais diversos. Se você chegou até aqui para saber como é fazer faculdade depois dos 30 anos, provavelmente já identificou o que te faz brilhar os olhos nessa possibilidade de mudança.
Na história do Paulo, ele decidiu que não queria mais trabalhar com Publicidade e Propaganda, área na qual fez sua primeira graduação, porque o ramo passou por muitas mudanças nas últimas duas décadas. “Não tenho o mesmo interesse pela Publicidade na forma como é feita hoje. Outra motivação [para mudar de carreira] está no tipo de trabalho que tenho feito, muito ligado a projetos de espaços, onde fazemos a comunicação visual e ambientação. Um sonho antigo de cursar a UFPR. E também uma necessidade de manter a mente ativa, sempre aprendendo coisas novas”, explica.
A trajetória de Vinicius não é muito diferente, atraído pelo ramo do Direito pela possibilidade de uma carreira pública com boa remuneração, ele conta ter deixado adormecido seu gosto pela área da tecnologia. Estudando para concursos públicos com a vertical de concursos do Estratégia foi que ele conheceu o material que o levou à aprovação na UFSC.
“Nós nos questionamos muito porque [mudar de profissão] parece uma coisa muito fora da curva, começando tudo do zero depois de muita idade. Mas a vida é assim, se a gente não busca um sentido pras coisas, não vê uma coisa maior para realizarmos, eu acho que as coisas vão ficando sem graça e tudo perde o sabor, inclusive a remuneração graúda”, conta Vinicius.
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A idade certa para a aprovação é a sua
Já viu que tudo está ao seu favor quando o assunto é entrar na faculdade dos seus sonhos, independente da idade, né? Decisão tomada, é hora de se preparar para o dia da prova!
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