Escolástica, Patrística e outros no contexto da Filosofia Medieval

Escolástica, Patrística e outros no contexto da Filosofia Medieval

Veja mais sobre o que foi a filosofia medieval e entenda os conceitos de Escolástica, Patrística entre outros movimentos

A filosofia medieval combina a filosofia grego-romana, com a religiosidade cristã, judaica e islâmica, e é fortemente caracterizada por questões teológicas, trazendo em sua história o desenvolvimento de diversos conceitos importantes que acompanham a consolidação do cristianismo. 

Pacote Enem TOP

Estude com o Estratégia Vestibulares

Patrística: movimento e princípios

Esse movimento filosófico e teológico surgiu com a transição da Antiguidade para a Idade Média, do século I ao século VIII. Ele se destacou por dar relevância ao cristianismo e seu nome ‘Patrística’ faz alusão aos primeiros padres da Igreja Católica.

Inicialmente o cristianismo sofreu fortes perseguições, apesar de diminuir ao ser a religião oficial do Império Romano. Os pensadores desse movimento, para expandir a aceitação do cristianismo, utilizaram da filosofia e da razão para defender a fé cristã.

A Patrística teve forte influência da filosofia de Platão e do Neoplatonismo, como tratavam da metafísicas e da ética, utilizaram suas ideias para evidenciar a visão cristã, principalmente em conceitos abstratos como Deus, alma, bem e mal, o conceito do Uno, que seria a unidade central a metafísica do neoplatonismo, considerado a fonte de tudo.

Principais pensadores

  • Santo Agostinho – um dos principais representantes do movimento, viveu durante a queda do Império Romano do Ocidente, uma época de muita instabilidade. Apesar de ser resistente ao cristianismo no início, estudou diferentes filosofias clássicas. Após decidir estudar teologia, criou uma base para defender a igreja usando da lógica e da razão em função da fé, por fim, acabou canonizado pela igreja católica devido a suas contribuições à filosofia cristã;
  • Tertuliano – conhecido como “pai da teologia latina” por escrever suas obras em latim, foi bastante importante para o cristianismo no Ocidente. Foi o primeiro teólogo a usar o termo “Trinitas” para se referir a Santa Trindade e formou uma boa base apologética, ou seja, defesas bem argumentadas da fé contra críticas e heresias;
  • Orígenes – tendo trabalhado na Escola de Alexandria, foi um teólogo extremamente dedicado a estudar as Escrituras, ele utilizava muito da filosofia grega para relacionar com o cristianismo. Devido às perseguições cristãs, comumente usava do método apologético. Apesar de algumas de suas ideias terem sido rejeitadas pela própria igreja, suas concepções foram de grande importância para o movimento; e
  • Justino Mártir – um dos primeiros grandes defensores do cristianismo, foi influência para pensadores posteriores como Orígenes e Agostinho. Justino foi preso e executado por defender a fé cristã, e devido a seus atos a favor da igreja, recebeu o título de “Mártir”.

A fé e a filosofia

Para alcançar sua consolidação, a igreja teve que firmar sua doutrina e consolidar seus ideais culturais e filosóficos. Desta forma, eles tiveram que desenvolver a teologia cristã de modo a resistir às perseguições e críticas às quais estavam expostos. 

A doutrina da igreja, assim como a teologia, foram construídas aos poucos, usando de alicerce as Escrituras e as tradições para defender a fé e para combater as heresias. A igreja estruturou sua doutrina em pilares como o sacramento, a tradição apostólica e a hierarquia eclesiástica.

Por defenderem que a fé é a base da vida cristã, e que a revelação divina seria alcançada com as tradições apostólicas, os padres tiveram que unir-se à filosofia grega que se baseava na razão, para explicar a fé, formando assim uma filosofia própria.

Escolástica: movimento e princípios

O movimento seguinte é a Escolástica, que vai do século IX ao XVI. Ela tem por objetivo combinar a razão filosófica com a fé cristã, usando de argumentos lógicos para aprofundar os conhecimentos teológicos. 

A escolástica tem esse nome devido as escolas e universidades criadas pela igreja, formadas estas pela necessidade de novos sacerdotes e pensadores. E ela pode ser caracterizada como um método de aprendizagem e de pensamento crítico originado nas escolas cristãs.

Nessa época, o sistema vigente era o feudalismo, marcado pela centralidade da igreja e o cristianismo já havia se consolidado pela Europa. Durante as Cruzadas, advindo pelo contato judaico e islamico, tiveram acesso a traduções das obras de Aristóteles, Avicena e Maimônides, e logo a filosofia aristotélica foi incorporada à escolástica.

Marcado pela ênfase na argumentação, o movimento queria mostrar como a fé cristã era racional, e como usar da razão para entender e defender a fé. Dessa forma, formaram uma estrutura coerente para a teologia cristã, com respostas consistentes a questões fundamentais da fé e argumentos para debater outras concepções religiosas e filosóficas.

Os três períodos da escolástica

  • Escolástica Inicial (século IX ao XI): foi o início da sistematização da teologia cristã e ainda era forte a influência neoplatônica. Os pensadores desse período ainda buscavam esclarecer a fé a partir da razão, sendo Anselmo de Canterbury um dos principais pensadores;
  • Escolástica Alta (século XII ao XIII): foi a ascensão da escolástica, fortemente usada nas universidades europeias e se baseava na filosofia aristotélica. Com essa nova base, usaram a lógica para o pensamento teológico e o método dialético para resolver debates filosóficos. Teve principal influência dos pensadores Pedro Abelardo, São Tomás de Aquino e Alberto Magno; e
  • Escolástica Tardia (século XIV ao XVI): marcado pela decadência da escolástica, a rigidez e o poder exacerbado da igreja que causou seu declínio. Entretanto, serviu para preparar para o Renascentismo que foi a corrente filosófica posterior à medieval. Guilherme Ockham foi um dos pensadores do período, tecendo importantes críticas ao movimento.

A lógica, a fé e o debate

A defesa da ideia de que fé e razão se complementam, vem de São Tomás de Aquino, o maior expoente da escolástica. Apesar de complementares, ele também defendia que a fé cristã tem base lógica e que a razão pode ser usada para se aproximar de Deus.

Na escolástica, a organização da teologia num sistema coerente, usando a lógica, foi um ponto chave para melhor desenvolver a educação teológica e consolidar o movimento. Ao mesmo tempo que, a inspiração na dialética aristotélica, permitiu a análise de questões complexas através de um método, assim como Aquino fez com alguns conceitos em suas obras.

Outros Movimentos e Pensadores: o Misticismo, a Filosofia Judaica e a Filosofia Árabe

No mesmo período da filosofia medieval, houveram alguns outros movimentos com suas próprias filosofias, tradições e formas próprias de se relacionarem ao divino.

O misticismo, por exemplo, em sua própria tradição espiritual, transcende as formas racionais de conhecimento, buscando experiência direta com o divino. Nele é comum o uso de exercícios de contemplação e de simbologias. Destaca-se dois representantes do movimento:

  • Hildegarda de Bingen – teóloga, mística e cientista, ela registrava suas visões místicas, que descrevia como a manifestação de Deus.
  • Mestre Eckhart – místico cristão e filósofo alemão, defendia que era possível a união direta com Deus a partir da interiorização e desapego material. 

Já a filosofia judaica, foi uma tradição de pensamentos que juntava os ensinamentos religiosos do judaísmo com a razão, a fim de responder questões filosóficas e teológicas do movimento. Um destaque da filosofia judaica medieval foi Maimônides, ele buscava juntar a lógica aristotélica à fé judaica.

Temos ainda a filosofia árabe, que ultrapassou barreiras religiosas e chegou até a influenciar a filosofia ocidental. Ela foi marcada pela integração das tradições islâmicas e filosofias gregas e persas, abordando em principal temas como a metafísica, a ética, a razão, entre outros. Os principais representantes são:

  • Avicena – médico e filósofo persa, fez diversas contribuições para a questão da metafísica. Ele desenvolveu uma metafísica que diferenciava a essência da existência.
  • Averróis – filósofo, estudioso sobre a filosofia de Aristóteles no ocidente. Ele defendia o diálogo da filosofia com a religião e que a razão é fundamental para a revelação, o que o tornou bastante influente para a filosofia escolástica.

Alcance a aprovação com o Estratégia Vestibulares!

Aqui no EV, você encontra conteúdos completos de Exatas, Humanas e Linguagens, focados no que mais cai em vestibulares. Escolha o plano ideal para suas metas e foque nas áreas que mais precisa para conquistar o curso dos seus sonhos. Clique no banner e comece agora mesmo!

CTA - Estratégia Vestibulares 1

Você pode gostar também