Resumo do Ciclo da Cana-de-açúcar: contexto e características

Resumo do Ciclo da Cana-de-açúcar: contexto e características

O Ciclo da Cana-de-Açúcar é um período histórico brasileiro em que o principal produto de exportação era a cana-do-açúcar. Essa movimentação iniciou-se durante o estabelecimento dos europeus nas Américas e perpetuou até o século XVIII.

Se você quer saber mais sobre o Ciclo da Cana-de-Açúcar, como o contexto histórico de seu acontecimento, a organização social da época, bem como o panorama político-econômico, continue lendo este artigo. 

Contexto histórico do Ciclo da Cana-de-Açúcar

O Ciclo da Cana-de-Açúcar está relacionado com o princípio da história brasileira. Logo após a chegada dos portugueses em solo sul-americano, em 1500, não havia muito interesse europeu sobre nossas terras. 

Depois de algum tempo, em 1530, os portugueses observaram a necessidade de estabelecimento em solo brasileiro, evitando a perda do território para outras nações exploradoras, como a Espanha.

Nessa ocasião, foram estabelecidas as capitanias hereditárias: um sistema de divisão das terras brasileiras, em que cada porção teria um capitão responsável por organizar financeiramente e politicamente a região, prestando contas à metrópole portuguesa.  

A foto a seguir mostra como era essa distribuição de capitanias (ou donatarias).

mapa das capitanias hereditárias, contexto histórico do surgimento do Ciclo da Cana-de-açúcar
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Diante desse cenário, a cana-de-açúcar surgiu como uma possível matéria prima importante para o desenvolvimento econômico das donatarias. Foi então que muitos fatores contribuíram para o estabelecimento da planta como fonte de renda: 

  • O solo brasileiro era favorável a plantação de cana;
  • O açúcar gerado tinha alto valor agregado no mercado internacional, visto que era um produto utilizado apenas pelas altas classes sociais;
  • O clima brasileiro era propício para o desenvolvimento do vegetal; e
  • Os portugueses já trabalhavam com a exportação açucareira em suas colônias na África, o que facilitava o manuseio em plantações.

Martim Afonso de Souza resolve testar essas informações e traz as primeiras mudas de cana para território brasileiro. Surge, então, o primeiro engenho de açúcar no Brasil Colônia, na cidade de São Vicente, que pertence ao litoral do estado de São Paulo.

A partir disso, o modelo produtivo começou a se espalhar pelo território, principalmente na região nordeste, concentrado na porção de Zona da Mata —  que é uma faixa de terra próximo ao litoral, como você pode observar na área 4 (amarela) do mapa abaixo.

Mapa da Zona da Mata, onde se desenvolveu a maior parte do Ciclo da Cana-de-açúcar
Imagem: Reprodução/Wikimedia

A Zona da Mata foi escolhida por dois grandes motivos: osolo presente na região é conhecido como massapê, uma terra muito fértil e escura, resultante da decomposição de rochas como calcários. Além disso, a posição geográfica do Nordeste facilitava a exportação dos materiais em direção a Portugal, com uma possível comunicação com os territórios africanos, ainda.

Diante de tantos pontos favoráveis, a cana-de-açúcar tornou-se o pilar econômico para o Brasil Colonial. A partir dessa prática foram regidas todas as estruturas de trabalho, sistemas de plantação, mecanismos de exportação e relação com a metrópole portuguesa.

Características do Ciclo da Cana-de-Açúcar

Mão de obra

Em primeiro momento, os portugueses tentaram estabelecer uma mão de obra indígena escravizada para o cultivo da cana-de-açúcar. Esse modelo não durou muito tempo: os indígenas eram nativos do território brasileiro e não era possível lucrar com o tráfico desses povos, então a metrópole não encontrava vantagens nessa atividade.

Além disso, muitos padres da Missão jesuítica eram contrários à escravização indígena, defendendo que esses povos deveriam ser civilizados e tinham a “benção de Deus”. Padre Antônio Vieira, um importante escritor barroco, aborda esse tema em seus sermões. 

Buscando maior lucratividade, os portugueses se dedicaram ao tráfico e escravização da população africana. Além disso,a mão de obra africana já era utilizada nas colônias da África, então, todo o sistema do Ciclo da Cana-de-Açúcar se construiu a partir disso.

Sistema de cultivo 

O cultivo da cana-de-açúcar era feito em larga escala, em grandes propriedades (latifúndios). Nessas terras, eram plantadas apenas mudas de cana-de-açúcar, em um sistema de monocultura. Todas essas características buscavam a maior produtividade e lucratividade possível para os senhores de engenho. 

Por falar neles, é importante mencionar que a estrutura do ciclo da cana-de-açúcar era centrada nos engenhos. Foram construídos mais de duzentos engenhos por todo o Brasil, sendo essa a base da sociedade colonial.

O dono do engenho possuía tudo: as terras, a mão de obra e os meios de produção. Ele habitava na Casa Grande com sua família, juntamente com alguns criados que serviam os luxos e mordomias.

Abaixo deles, na hierarquia social, haviam os feitores: homens responsáveis pela produtividade do engenho, como que “gerentes” da produção. Eram eles quem coordenava o trabalho dos escravizados.

Haviam também alguns trabalhadores livres que cuidavam do cultivo de subsistência do engenho. Ou seja, se dedicavam à plantação de outros tipos vegetais em pequenas porções de terra, em um sistema de policultura.

Os africanos escravizados eram “abrigados” na senzala, local anexo à Casa Grande, com condições precárias de higiene e comodidade. Os cultos religiosos eram realizados na capela do engenho e, por fim, a cana era moída e processada em outro prédio: a moenda.

Fim do Ciclo da Cana-de-Açúcar

Devido ao alto valor econômico do açúcar, outras nações europeias se dedicaram na produção da especiaria. Nesse processo, a Holanda ganhou maior destaque que, inclusive, invadiu o território brasileiro, sob comando de Maurício de Nassau.

Os holandeses ficaram no território pernambucano por um tempo suficiente para aprenderem técnicas de cultivo da cana e produção de açúcar. Com isso, mesmo depois de expulsos do Brasil, iniciaram o comércio da especiaria nas Antilhas.

Depois de certo tempo, os holandeses conseguem controlar o transporte e a comercialização do açúcar entre os europeus — o mercado consumidor estava cada vez mais dominado por eles.

Diante desse cenário, com a concorrência em alta escala, o ciclo da cana-de-açúcar findou-se no Brasil, durante o século XVIII. Nessa mesma época, um novo produto aparece para sustentar a economia brasileira: foi descoberto o ouro na região das Minas Gerais. 

Veja mais: Ciclos Econômicos do Brasil: café, ouro, Pau-Brasil e a cana

Questões de vestibular sobre Ciclo da Cana-de-Açúcar

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O sistema agrícola conhecido como plantation, que foi implantado durante a colonização do Brasil, tinha como característica 

a) o trabalho escravo realizado em pequenas e médias propriedades onde se plantavam diversos produtos para o consumo interno.
b) a produção de um único gênero agrícola, em latifúndios, por meio do trabalho livre de imigrantes europeus fugidos das guerras.
c) a produção de um único tipo de cultura agrícola para exportação, em grandes propriedades rurais, por meio da mão de obra escrava.
d) a utilização do trabalho escravo em minifúndios para a produção de gêneros de subsistência e produtos manufaturados para o comércio.

O plantation é o sistema de produção que define o ciclo da cana-de-açúcar: mão de obra escrava, que se dedica ao cultivo de uma monocultura em uma grande propriedade de terra (latifúndio). Assim, a alternativa que melhor responde à questão é a letra C.

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