Modernismo: o que foi, características, contexto histórico e muito mais

Modernismo: o que foi, características, contexto histórico e muito mais

O modernismo é um movimento artístico e literário que surgiu no século XX, quando diversos artistas se identificaram com a produção de obras com maior liberdade de expressão. Esse ideal se espalhou no campo das artes plásticas, nas obras literárias, na música, no teatro e muito mais!

Se você quer saber mais sobre o surgimento do modernismo, as características dessa corrente artística e suas fases, os principais artistas brasileiros e conhecer as obras mais famosas da época, continue lendo este artigo! 

Contexto histórico

O surgimento do modernismo na história está relacionado com as intensas transformações que a sociedade passou durante a primeira metade do século XX: guerras na Europa, urbanização e industrialização crescentes, conquistas efetuadas pelo homem (como a construção de um monumento de altura nunca vista, a Torre Eiffel), entre tantas outras mudanças.

Ao mesmo tempo em que muitas coisas avançaram, o crescimento do capitalismo industrial acentuou as desigualdades sociais no mundo todo. Assim, artistas do mundo todo perderam o sentido de uma arte clássica, com padrões estéticos perfeitos e rigorosidade crítica. 

A partir de diferentes movimentos, pouco a pouco, a arte de academia foi cedendo espaço para a maior liberdade de expressão do autor. As vanguardas modernistas européias são as primeiras manifestações desse ideal, como o cubismo, o futurismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo.

Simultaneamente, desenvolveram-se escolas literárias e artísticas como o simbolismo, impressionismo e pós-impressionismo. Estes dois últimos, por exemplo, adotaram valores racionais, como a física óptica, para descrever a produção artística. Os simbolistas, por sua vez, davam maior espaço para a interpretação subjetiva das artes.

Diante de tantas ideias diferentes, o modernismo pode ser considerado um movimento plural, em que variadas formas de expressão se manifestam, em oposição aos padrões estéticos antes cobrados. 

Semana de Arte Moderna de 1922

No Brasil, o marco para o aparecimento do modernismo foi a Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento foi organizado por artistas brasileiros que gostariam de romper com a ideia de arte que perpetuava no país a muito tempo.

Logo após a Primeira Guerra Mundial, os indivíduos perderam o sentido da produção de uma arte tradicional. O “ser brasileiro” se tornava um orgulho, a ideia de nação estava crescendo entre os cidadãos e as diferentes regiões do país começaram a ganhar espaço na academia. 

A situação política e econômica era complicada: as oligarquias tinham privilégios evidentes, enquanto a população comum sofria os efeitos de uma alta inflacionária grave. 

Diante disso, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Vinícius de Moraes e muitos outros pintores, escritores, artistas e músicos aderiram ao movimento modernista.

Características do modernismo

Ao se lembrar do modernismo, a primeira coisa que deve vir a sua mente é: romper com o tradicionalismo — essa foi a ideia que norteou todas as mudanças propostas pelo movimento artístico-literário. 

Junto com isso, fica evidente que os moldes acadêmicos eram desprezados. No lugar deles, estavam a liberdade de expressão e a criatividade, que permitia a criação de obras inovadoras, com temas diferentes do que era visto até então.

Uma das propostas marcantes do modernismo era a experimentação, a tentativa de adicionar coisas novas sem a preocupação de respeitar limites acadêmicos. Essa característica se manifesta tanto nas obras plásticas quanto nas obras literárias. 

Os poemas do modernismo fugiam à métrica, sonoridade, distribuição de versos em sonetos ou qualquer coisa do tipo. Muitas das poesias e prosas, inclusive, soavam irreverentes para os críticos da época. 

Modernismo em Portugal

O grande nome do modernismo português foi Fernando Pessoa. O poeta criou  heterônimos que se manifestavam de diferentes formas em suas obras. 

Seus textos e poemas tinham um nacionalismo crítico. Além disso, muitas vezes, as obras adotavam um ar etéreo, próprio do simbolismo. É o que acontece na obra “O Marinheiro”, que faz parte da lista de livros obrigatórios para o vestibular da Unicamp em 2023.

Modernismo literário no Brasil

Primeira fase do modernismo brasileiro

A primeira fase do modernismo no Brasil foi responsável por introduzir as inovações no país. Desde a Semana de Arte Moderna até 1930, os autores deram novos significados à arte nacional e tinham como grandes representantes Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira.

Livros como “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (por Mário de Andrade)” abordavam as regiões do país de uma maneira espontânea, cômica, sarcástica e irônica. 

Segunda fase do modernismo brasileiro

O segundo período do modernismo brasileiro durou 15 anos, entre 1930 até 1945. Grandes acontecimentos históricos refletem na produção artística, como as consequências da Crise de 29 e a Segunda Guerra Mundial.

A “geração dos 30”, como é conhecida, foi responsável por consolidar os ideais modernistas. Cada vez mais a realidade social, econômica e política adentrava o campo das artes. 

Grandes nomes são Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Mário Quintana e entre muitos outros artistas.

Uma obra famosa foi “Vidas Secas”, escrita por Graciliano Ramos. O enredo trata sobre a vida das comunidades do sertão nordestino, onde a seca e a fome são uma realidade. As nuances da obra trazem muitas informações importantes: alguns personagens não tem nome, como crítica à falta de visibilidade desses povos politicamente. Veja um trecho a seguir.

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.”

Terceira fase do movimento no Brasil

Houve também uma terceira fase modernista, querendo voltar às regras, muitos autores voltaram a utilizar regras formais, métricas e vocabulário mais rebuscado em suas obras. Alguns estudiosos consideram essa época como uma nova manifestação do parnasianismo.

Embora os temas utilizados continuem com um novo enfoque, a forma de descrevê-los está mais próxima do tradicional do que no modernismo. Inclusive, essa fase também pode ser chamada de “pós-modernismo”.

Os principais autores são João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna, Lygia Fagundes Telles, entre outros. 

Modernismo no Enem

ENEM 2006

NAMORADOS

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?

A moça se lembrava:

-A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

Manuel Bandeira. Poesia completa 8. prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época

a) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.

b) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.

c) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.

d) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.

e) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.

Alternativa correta: B.

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