Vozes verbais na sintaxe do período simples: conceito, tipos e relevância

Vozes verbais na sintaxe do período simples: conceito, tipos e relevância

Entenda as vozes verbais no período simples, seus conceitos fundamentais e as diferentes tipologias que estruturam a comunicação.

Em gramática, as vozes verbais podem ser entendidas como maneiras de estruturar a relação entre o sujeito e o verbo em uma frase, ou seja, indicam a forma em que o verbo se encontra para mostrar a relação entre ele e o sujeito.

Existem três tipos principais de vozes verbais: a voz ativa, a voz passiva e a voz reflexiva. Elas possuem estruturas e funções específicas, que afetam a clareza e o estilo da comunicação, além de determinarem quem realiza ou sofre a ação expressa pelo verbo.

Neste texto, exploraremos as estruturas e as principais características de cada tipo, a conversão entre vozes e sua importância para a escrita e interpretação de textos. Acompanhe abaixo. 

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Voz ativa: estrutura e características

A voz ativa é a forma mais direta de expressar uma ação em uma frase. Nela, o sujeito é considerado o agente, ou seja, pratica ou desempenha a ação indicada pelo verbo. Sua estrutura característica é: sujeito + verbo transitivo direto (VTD) + objeto direto (OD).

Exemplos:

  • Os alunos (sujeito) organizaram (VTD) o evento da escola (OD).
  • Os clientes (sujeito) compraram (VTD) produtos (OD) na loja.

Nesses exemplos, o sujeito (os alunos / os clientes) é quem realiza a ação expressa pelo verbo (organizar / comprar), tornando a frase clara e direta.

Características da voz ativa: dá a ênfase e clareza ao sujeito (praticante) da ação; e proporciona objetividade na comunicação.

Outros exemplos:

  • A professora corrigiu as provas; e
  • O policial prendeu o bandido.

Voz passiva: tipos, estrutura e características

A voz passiva é utilizada para enfatizar o objeto que recebe a ação, ou seja, um sujeito paciente. É uma voz verbal muito útil quando se deseja colocar em evidência o resultado ou o objeto da ação, ou quando o sujeito é irrelevante ou desconhecido.

Existem dois tipos principais de voz passiva: a passiva analítica e a passiva sintética.

Voz passiva analítica

A estrutura da voz passiva analítica é: sujeito paciente + verbo ser (conjugado no tempo adequado) + particípio do verbo principal.

O agente da passiva (quem realiza a ação) é opcional e é introduzido pela preposição “por” após o particípio do verbo principal.

Exemplos:

  • O evento da escola (sujeito paciente) foi organizado (ser + particípio) pelos alunos (agente da passiva).
  • Os produtos (sujeito paciente) foram comprados (ser + particípio) pelos clientes (agente da passiva) na loja.”

Perceba que as frases acima são as mesmas da voz ativa, porém com algumas modificações. O objeto direto torna-se o sujeito paciente da voz passiva, e o verbo ser é adicionado na forma conjugada juntamente ao particípio do verbo principal.

Voz passiva sintética

A voz passiva sintética, também chamada de passiva pronominal, pois utiliza o pronome “se” junto ao verbo na terceira pessoa para indicar que a ação é realizada de maneira impessoal. Sua estrutura básica é: verbo (3° pessoa do plural) + pronome “se” + sujeito paciente.

Exemplos:

  • Organizou-se o evento da escola.
  • Compraram-se produtos na loja.

Logo, o sujeito é indeterminado e a frase assume uma estrutura impessoal.

Características gerais da voz passiva: enfatiza o objeto ou o resultado da ação; o agente da ação é opcional; e é usada em textos formais, como notícias e anúncios, para dar ênfase ao acontecimento sem especificar o agente.

Outros exemplos:

  • Passiva Analítica: O artigo foi publicado pela editora; e
  • Passiva Sintética: Publicou-se o artigo.

Voz reflexiva: estrutura e características

A voz reflexiva ocorre quando o sujeito realiza e, ao mesmo tempo, recebe a ação. Nessa voz, o sujeito e o objeto se referem à mesma entidade, ou seja, o sujeito age sobre si mesmo. É estruturada da seguinte forma: sujeito + pronome reflexivo (me, te, se, nos, vos, se) + verbo.

Exemplos:

  • Maria (sujeito) se machucou (verbo reflexivo).

No exemplo acima, Maria é tanto quem realiza (agente) quanto quem sofre a ação (receptor) de “machucar”. Nesse caso, a  presença do pronome “se” indica que a ação é reflexiva.

Características da voz reflexiva: mostra que o sujeito realiza a ação sobre si próprio; e o pronome reflexivo é essencial para indicar essa relação de ação e recepção pelo mesmo sujeito.

Outros exemplos:

  • Eles se prepararam para a prova; e
  • A velhinha sempre se penteia antes de sair.

Conversão de vozes verbais

A habilidade de converter vozes verbais é importante para a clareza e o estilo da escrita. Essa conversão permite reescrever frases sem alterar o sentido original, mas com um foco diferente, importante tanto para escrita quanto para a interpretação de textos.

De ativa para passiva analítica

A transformação da voz ativa em passiva pode ser feita em 4 etapas:

  • Identifique o sujeito, o verbo e seu tempo, bem como o objeto direto.
  • Transforme o objeto direto em sujeito paciente.
  • Acrescente o verbo “ser”, conjugado de acordo com o tempo identificado, mais o verbo no particípio.
  • Acrescente a preposição “por”, ou formas contraídas, e adicione o agente da passiva.

Exemplos:

  • Voz Ativa: “O aluno (sujeito) respondeu (verbo no pretérito) à pergunta (OD).”
  • Voz Passiva: “A pergunta (sujeito paciente) foi respondida (verbo ser + particípio) pelo aluno (agente da passiva).”

De passiva analítica para ativa

A conversão de uma frase da voz passiva para a ativa pode ser feita em 4 passos:

  • Identifique o agente da passiva, o tempo verbal do verbo “ser” e o sujeito paciente;
  • O agente da passiva se torna o sujeito e retira-se a preposição “por”.
  • Retira-se o verbo ser e sua conjugação passa para o verbo que anteriormente estava no particípio; e
  • Sujeito paciente torna-se o objeto direto.

Observação: caso o agente da passiva seja indeterminado o verbo na voz ativa deverá estar na terceira pessoa do plural.

Exemplo:

  • Voz Passiva: “O livro (sujeito paciente) foi lido (verbo ser no pretérito + particípio) pelos estudantes (agente da passiva).”
  • Voz Ativa: “Os estudantes (sujeito) leram (verbo no pretérito) o livro (OD).”

Importância para a escrita

Dominar as vozes verbais e suas conversões permite ao estudante variar o estilo, reforçar a clareza e a precisão da comunicação. 

Especialmente em redações e provas de vestibulares, onde clareza, precisão e expressividade são avaliadas, pode caracterizar uma voz autoral, ou seja, a forma única como expressa suas ideias, escolha de palavras, construção de argumentos e organização do texto, demonstrando sua identidade na escrita.

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Nesse sentido, a escolha da voz verbal impacta diretamente o foco da frase: a voz ativa coloca o sujeito em destaque, ideal para textos mais diretos e enérgicos; a passiva enfoca o objeto ou resultado da ação, comum em textos técnicos e científicos; e a reflexiva adiciona profundidade ao enfatizar que o sujeito é o agente e receptor da ação.

Questão sobre vozes verbais

UFRGS (2016)

Assinale a alternativa que apresenta a correta passagem de segmento do texto da voz ativa para a voz passiva.

A)  Transformações radicais entraram em curso – Transformações radicais foram entradas em curso.
B)  Para evitar que torvelinho similar vitimasse o Reino Unido – Para evitar que o Reino Unido fosse vitimado por torvelinho similar.
C)  Toda assistência aos pobres deveria ser suspensa de imediato e a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada – Os pobres deveriam suspender de imediato toda assistência e deveriam controlar severamente a taxa de natalidade.
D)  Os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais significativa da renda nacional – A renda nacional seria recebida por uma parte cada vez mais significativa dos donos da terra.
E)  O valor da terra permaneceu alto por algum tempo – O valor da terra foi permanecido alto por algum tempo.

Alternativa correta:

B

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