Um dos temores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a redação e ir bem nela pode fazer a diferença na sua pontuação final. A nota mil é o máximo possível, e só é alcançada por poucos alunos todos os anos.
A professora de redação do Estratégia Vestibulares, Marina Ferreira, comentou sobre os textos de apoio e escreveu um modelo de redação nota mil para você se inspirar para as próximas edições e também comparar com a proposta que apresentou no primeiro dia do Enem 2021, caso tenha feito o exame.
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Textos de apoio à redação Enem 2021
Marina teceu comentários sobre os quatro textos de apoio usados pelo Enem para a redação em 2021. O tema “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, apresentou diversas opções de raciocínios possíveis, o que torna o conteúdo complexo. Veja os comentários de Marina sobre os textos:
Texto I:
“É importantíssimo notar que esse texto explora como a literatura é um importante instrumento de denúncia social. Nesse caso, a maior contribuição do texto é nos levar aos outros momentos literários em que esse tópico foi tratado, para a partir daí conseguir chegar a um lugar interessante de repertório e de construção argumentativa da nossa redação.
Acredito que o aluno preparado imediatamente chegou às aulas de Literatura, pensando no Naturalismo, no romance urbano, e até mesmo na prosa de ficção modernista de segunda fase. A dica é que esse texto nos leve a tantos outros e que pensemos o problema sob perspectivas aprofundadas”.
Texto II:
“Este texto especialmente nos auxilia a demonstrar como os dados são alarmantes, principalmente por revelar que, mesmo a região sudeste sendo mais urbanizada, a exclusão social se estabelece já no número de não registros civis.
Além disso, uma ótima ideia seria comentar sobre a ineficácia de cumprimento das leis, argumentando, portanto, que o Estado falha em tornar a lei prática na vida dos brasileiros.
Outro aspecto interessante é a informação de que essa exclusão não é apenas por questões financeiras, mas que envolve, por exemplo, outros problemas sociais como o analfabetismo, a falta de acesso à informação, à tecnologia. Quem leu este texto cuidadosamente ganhou um bom caminho para a problematização!”
Texto III:
“O texto III é mais técnico e informativo, explora um fato já problematizado: sem posse da documentação civil, o indivíduo está marginalizado e praticamente inviabilizado de desfrutar dos seus direitos civis, além de não conseguir tomar posse de políticas públicas.
O problema da falta de escolaridade da criança e do adolescente também é ressalvado no texto, é daqui que surge a ideia de ciclo de pobreza, porque, uma vez que o infante não está inserido na realidade escolar, haverá maiores desafios para a mobilidade social.”
Texto IV:
“O texto é institucional e traz uma perspectiva interessante sobre a atuação de outros órgãos públicos cuja intenção é alarmar o problema e destacar a sua importância. Esse texto é interessante para pensarmos, por exemplo, na proposta de intervenção e em possíveis agentes.”
Confira a redação nota mil proposta por Marina Ferreira
“O romance de 30, momento literário cuja intenção era mostrar um Brasil que estava abandonado, aprofundou questões que tocam a invisibilidade de muitos e a falta de cidadania a que foram submetidos. Em uma dessas obras, “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, há registro de dois personagens sem nome, por isso, sem identidade, são eles “O menino mais velho” e “O menino mais novo”. Infelizmente, no cenário brasileiro, pode-se perceber que essa problemática não é exclusiva da ficção, já que ainda há um número significativo de indivíduos sem registro civil. Diante disso, as questões socioeconômicas e tecnológicas que circundam esse desafio devem ser analisadas, a fim de concretizar a cidadania no país.
De fato, para alcançar a plenitude de direitos, é prioritário regulamentar a documentação de uma pessoa, contudo se observa que o número de indivíduos que não têm registro civil ou que perderam esse tipo de documento é visível e preocupante para o desenvolvimento humano no Brasil. Esse grave obstáculo, no geral, acomete tragicamente uma parcela da população que já sofre por viver à margem da sociedade, muitas vezes sem acesso à informação e sem contato com políticas públicas que balizem a oficialização da cidadania. Nesse sentido, é válido destacar que o analfabetismo e a exclusão social corroboram para esse quadro, no qual esse indivíduo, omitido de seus direitos, não enxerga o ato de registro civil com a devida importância, de modo que se configura um ciclo de pobreza, principalmente pela falta de acesso ao emprego formal e de gozo de políticas públicas. Dessa maneira, torna-se urgente que não se naturalize esse fenômeno e que a cegueira moral não deixe que o outro se transforme em alguém sem registro, por isso, também sem dignidade.
Outro fator-chave que potencializa a ocorrência desse apagamento do cidadão é o quanto os processos burocráticos têm sido orientados pela tecnologia. Recentemente, o cadastro único, por exemplo, foi uma forma pelo qual os brasileiros obtiveram acesso ao auxílio emergencial do governo e a outras ações importantes para a garantia de cidadania. No entanto, o programa concebe maiores informações e o acompanhamento dessas por via de aplicativos e de ferramentas que contam com algum conhecimento mínimo das mídias informacionais. Nesse contexto, torna-se absurdo analisar que ainda há quem que além de não dominar o uso desses dispositivos tampouco possui renda suficiente para custear serviços de dados ou de wi-fi. Esse quadro revela, assim, um Brasil dividido entre essas interessantes inovações e cidadãos que sequer possuem aquilo o que comer, deixando em segundo plano a cobrança ao Estado do acesso à documentação e à regulamentação de seus dados. Sob essa análise, a premissa de Gilberto Dimenstein confirma-se, uma vez que, na teoria, haveria belos direitos a serem desfrutados, mas, na prática, os cidadãos são apenas de papel.
A marginalização e invisibilidade daqueles que estão despossuídos de registro civil desdobra, portanto, uma profunda falha na democracia brasileira. Para que tal situação seja atenuada, o Governo Federal, representado pelo Ministério da Cidadania, em parceria com as secretarias municipais, deve promover mutirões que levem a documentação civil a todos, principalmente utilizando a Caixa Econômica Federal, dando ênfase na assistência das regiões Nordeste e Sudeste do país. Isso pode ser executado por meio de um programa que inclua a tecnologia e impressões instantâneas de documentos, a partir dos agentes que visitarão as comunidades. Para tanto, parcerias com empresas de TIC’s são imprescindíveis, a fim de que o Poder público chegue a todas as localidades do país. Com isso, as famílias passarão a obter seus nomes, suas identidades e sua dignidade, acessando, ainda, as políticas nacionais de combate à fome e à desigualdade social. À vista disso, os retirantes da ficção modernista serão uma exceção na história brasileira e não mais denunciarão abismos sociais contemporâneos”.
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