Soneto de Eurydice
E nas vozes do mar procura Orpheu:
Ausência que povoa terra e céu
E cobre de silêncio o mundo inteiro.
Assim bebi manhãs de nevoeiro
E deixei de estar viva e de ser eu
Em procura de um rosto que era o meu
O meu rosto secreto e verdadeiro.
Porém nem nas marés nem na miragem
Eu te encontrei. Erguia-se somente
O rosto liso e puro da paisagem.
E devagar tornei-me transparente
Como morta nascida à tua imagem
E no mundo perdida esterilmente.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Coral e outros poemas.
São Paulo: Companhia das Letras, 2018 (p. 111).
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre este soneto e essa antologia da autora.
( ) Os versos são compostos de acordo com a métrica regular, classificando-se como redondilhas maiores.
( ) Observa-se nesse poema, assim como em outros poemas do livro, a intertextualidade com Fernando Pessoa.
( ) O sujeito poético se associa à personagem mitológica de Eurydice, em especial no que diz respeito à busca pelo inalcançável.
( ) O verso “E devagar tornei-me transparente” representa uma das principais características da escritora: o misticismo simbolista.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é