Em 1944, o escritor italiano Primo Levi foi deportado para o campo de concentração nazista de Auschwitz. Os trechos abaixo, que constam em seu livro de ensaios Os Afogados e os Sobreviventes, se referem a esta experiência:
“(...) o sistema concentracionário nazista permanece ainda um unicum, em termos quantitativos e qualitativos. Em nenhum outro tempo e lugar se assistiu a um fenômeno tão imprevisto e tão complexo: jamais tantas vidas humanas foram eliminadas num tempo tão breve e com uma tão lúcida combinação de engenho tecnológico, de fanatismo e de crueldade”.
“Ninguém jamais conseguirá estabelecer com precisão quantos, no aparelho nazista, não podiam deixar de saber das atrocidades espantosas que eram cometidas; quantos sabiam alguma coisa, mas podiam fingir ignorância; quantos, ainda, tinham a possibilidade de saber tudo, mas escolheram o caminho mais prudente de tapar olhos e ouvidos (e, sobretudo, a boca)”.
“Sociedades industriais grandes e pequenas, empresas agrícolas, fábricas de armamentos obtinham lucro da mão de obra quase gratuita fornecida pelos campos (...). Devia gerar dúvidas, e certamente as gerou, mas elas foram sufocadas pelo medo, pela avidez de lucro, pela cegueira e estupidez voluntária que mencionamos e, em alguns casos (provavelmente poucos) pela fanática obediência nazista”.
LEVI, P. Os Afogados e os Sobreviventes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. p. 10-15.
A partir da leitura dos trechos é CORRETO afirmar que os campos de concentração: