Em 1956, o surto experimentalista que definia o cenário literário da época surgia declaradamente na área da poesia, e na ficção marcava-se pela aparição de Grande sertão: veredas. Essa insólita obra foi recebida pelo público e pela crítica com reações que oscilavam entre o deslumbramento que ofusca, a rejeição temerosa (que o desconhecido sempre suscita) e a obscura certeza de que ali havia algo de inaugural e definitivo. Grande sertão: veredas mostrava os novos caminhos da ficção, ao trabalhar uma matéria bruta, ainda em estado selvagem, e por isso mesmo, mais próxima das formas originais, por meio de uma linguagem revolucionária.
(Adaptado de: COELHO, Nelly Novaes Coelho. “Guimarães Rosa e o ‘homo ludens’”. In: Afrânio Coutinho (org). Guimarães Rosa – Fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/INL, 1983, p. 259-260)
O romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, quando publicado em 1956,