
Eu não sai porque, hoje é feriado passei o dia em casa, lavando roupas. O senhor Antonio Soeiro Cabral foi pra casa de sua sogra. Que silencio. Os visinhos são bons.
8 DE SETEMBRO DE 1960
Levantei as 5 horas, preparei a refeição matinal para os filhos, preparei o almoço, carne com batata. A Vera está alegre. Eu comprei um radio, eu gosto de dramas e tangos.
9 DE SETEMBRO DE 1960
Ela diz: agora, nós somos ricos porque temos o que comer, até encher a barriga. E da risada. Vendo-a sorrir eu fico contente e penso em Deus, ele escreveu outra peça para eu representá-la no palco da vida. Aquela peça de morar na favela e ouvir aquela canção que o custo de vida compôs. Eu estou com fome!
Carolina Maria de Jesus. Casa de alvenaria. Vol. 1. Osasco, São Paulo: Companhia das Letras, 2021, p. 47-8 (com adaptações).
Considerando a obra artística representada na imagem precedente, o fragmento de texto extraído da obra de Carolina Maria de Jesus, publicada em 1961, bem como as características e a repercussão da produção literária dessa autora, julgue o item a seguir.
A indiferença com a população negra está refletida na obra Proclamação da Independência, por meio da retratação dos camponeses, cujas vestimentas reproduzem características europeias, e no texto de Carolina Maria de Jesus, por meio do relato da tranquilidade do feriado.