Questão
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Discursiva
Proposta 1

Você é apaixonado(a) por tecnologia, mas por isso mesmo conhecedor(a) dos perigos que rondam as crianças que são facilmente manipuláveis por algoritmos. Já foi convidado/a para escrever para vários sites de tecnologia. No último contato com um desses sites, pediram que você fizesse um texto mais expressivo e menos técnico. Inspirado na música de Chico Buarque em que um caderno conversa com seu dono, você resolve escrever um artigo com a estrutura de uma carta pessoal, na qual um algoritmo arrependido resolve pedir perdão para seu usuário no momento em que ele faz 18 anos, relatando como ele esteve presente em vários momentos na infância desse jovem, nem sempre com boas intenções. 
 
Para tanto, você deve:

-Explicar como você, algoritmo, funciona.

- Indicar quais as ações que você já obrigou seu usuário a fazer quando era criança. 

Considere os excertos abaixo como fonte de apoio para a escrita do seu texto.
 
Texto 1 

Letras

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco até o bê-a-bá
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel
Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Sofrer também nas provas bimestrais
Junto a você
Serei sempre seu confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel
Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel
O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer?
Só peço a você um favor, se puder
Não me esqueça num canto qualquer

Texto 2 

“Quando vi que o meu filho estava agressivo, impaciente, viciado em jogos e vídeos, criei um meio de controlar o uso do wi-fi de casa”

Sou um apaixonado por tecnologia desde meus 9 anos, quando ganhei meu primeiro PC (386 DX40).

Desde então, não parei mais e pude acompanhar — ainda que não me desse conta disso — uma das maiores e mais rápidas evoluções da humanidade da qual se tem registro.

Engenheiro de computação há 16 anos, mestre em física e pai do Gabriel, que hoje tem 10 anos, também sou sócio de duas empresas, uma de tecnologia e outra de mobilidade, ambas criadas do zero.

Atualmente, as maiores empresas do mundo em valor de mercado são da área tecnológica. Boa parte delas foi criada há menos de 30 anos. Mas como empresas tão nova podem crescer tanto?

Atuando na área há muitos anos, acompanhando esse crescimento e vendo cada vez mais negócios despontarem, me coloquei a questionar sobre como geravam renda, já que boa parte dos serviços que ofereciam a princípio eram “gratuitos” para os usuários. Me soava estranho.

SE VOCÊ NÃO ESTÁ PAGANDO PELO PRODUTO, VOCÊ É O PRODUTO

Comecei então a estudar mais a fundo a questão e, quanto mais o fazia, mais ficava claro um ponto muito importante que dizia: se você não estiver pagando por um produto, você é o produto.

Os algoritmos utilizam nossos comportamentos como forma de treinar suas redes e seu objetivo básico é “adivinhar e influenciar nossas ações”. E fazem isso de forma muito sutil: o que vemos, falamos, a velocidade da rolagem, o tempo que ficamos olhando para a tela…

Enfim, tudo é mensurado e transformado em estatísticas aplicadas a modelos determinísticos e comparativos para sugerir conteúdos e aos poucos ir prevendo nossas ações — e, posteriormente, influenciá-las.

Foi justamente essa capacidade de prever e influenciar bilhões de pessoas que tornou essas empresas, antes inexistentes, nas atuais mais valiosas companhias do mundo.

Mas qual o impacto disso em nós? E pior, qual o impacto em nossos filhos que não possuem outro parâmetro de mundo?

VI MEU PRÓPRIO FILHO SE TORNAR MAIS AGRESSIVO E IMPACIENTE — E MENOS CRIATIVO — POR CONTA DAS REDES, JOGOS E VÍDEOS

A única barreira que temos entre as constantes investidas de sugestões e influência de aplicativos é a nossa capacidade crítica.

Essa capacidade é formada por um conjunto de fatores que vão desde valores individuais, princípios, senso, justiça, entre outros. A questão é que tais habilidades dependem de um grau de maturidade que crianças muito dificilmente terão.

Desde pequenas, as mesmas crianças são submetidas ao universo virtual e a seus aplicativos. E tornam-se, portanto, produtos sem a única camada que poderia lhes proteger.

Crianças são extremamente influenciadas pelos algoritmos, que muitas vezes disseminam mentiras, ideias estranhas ou facilitam comunicações indesejáveis. Comecei a ver isso com meu próprio filho. Talvez por estar dentro do universo tecnológico, pude observar com mais clareza os malefícios que o uso desenfreado pode causar.

Meu filho estava se tornando uma ferramenta: um produto na mão das redes, jogos e vídeos. Mais um a alimentar os lucros exorbitantes dessas companhias.

E pior: estava se tornando mais agressivo e muito mais impaciente, com indícios claros de um vício. Além disso, sua capacidade criativa e de memorização tornava-se cada vez menor.

Texto 3 

"Fala o que quiser, mas não tira meu celular." É esse o drama que Franciele enfrenta quando "pega pesado" e manda seus gêmeos deixarem os smartphones de lado. A reação dos meninos beira a fúria. Quando a tensão passa, o comportamento muda. "Eles escutam, interagem, perguntam sobre meu dia. É outra história", diz ela.

Na casa da enfermeira obstetra Ketib Kelian Crivaro, de Campinas (SP), os meninos João, 14, e Heitor, 9, também têm picos de agressividade quando ficam sem celular e, por tabela, sem acesso aos vídeos do TikTok e YouTube.

São sempre esses vídeos curtos, bobos, muito rápidos, que vão consumindo a mente deles de um jeito muito ruim.Ketib Kelian Crivaro, mãe de João, 14, e Heitor, 9

Agoniados, eles querem os aparelhos de volta o quanto antes. "O mais novo tem um entendimento menor e mais rompantes de raiva, com choro. Se joga no chão e já tentou até me agredir. Ele entende como punição quando falo que acabou o tempo. Diz: 'Você está querendo me punir' ou 'Você está tirando tudo o que eu tenho'."

Quando a mãe propõe atividades como desenhar, pintar ou visitar lugares diferentes, a sensação é de tédio. "Tudo é desinteressante. Ele acha horrível! Parece que não há interesse pela vida do lado de fora."

Para reduzir o tempo de tela dos filhos, Julia Correa encheu a agenda de Otávio e Davi com atividades extraclasse. O mais novo estuda inglês, pratica judô e joga tênis. O mais velho aprende alemão e espanhol e luta muay thai. "Foi a forma que encontrei para não brigarmos a toda hora por estarem sempre no celular."

Fiéis companheiros

Diferentemente dos avanços tecnológicos do passado, smartphones e tablets —e as redes sociais instaladas neles— podem ser levados para qualquer lugar e continuam a um clique de distância.

John S. Hutton, pediatra do Cincinnati Children's Hospital Division, diretor do Reading and Literacy Discovery Center (EUA) e pesquisador. No Brasil, 96% das crianças e adolescentes usam celulares, de acordo com um estudo realizado no ano passado pela McAfee.

"Como todo o conteúdo do TikTok é picotado para gerar recompensa imediata, não há construção de história e saga de personagem, em que se acompanha diversas etapas, como cansaço, frustração, animação. Isso é um problema e tanto para um cérebro ainda em desenvolvimento. No futuro, ninguém vai querer esperar", explica Geovana Figueira Gomes, psicóloga infantil.

(...)

Adultos zumbis

No livro "Stolen Focus: Why You Can't Pay Attention - and How to Think Deeply Again" ("Foco roubado: por que você não consegue prestar atenção - e como pensar profundamente de novo", em tradução literal), inédito no Brasil, o jornalista e escritor escocês Johann Hari descreve uma cena absurda de sua visita à mansão de Elvis Presley, em Memphis (EUA).

"Quando você chega aos portões de Graceland, não há mais um ser humano cujo trabalho seja mostrar o lugar a você. Você recebe um iPad, coloca pequenos fones de ouvido e ele diz o que fazer -vire à esquerda; vire à direita; vá em frente. Em cada sala, o iPad, pela voz de algum ator esquecido, fala sobre a sala em que você está e uma fotografia dela aparece na tela. Então, andamos por Graceland sozinhos, olhando para o iPad. Estávamos cercados por canadenses e coreanos e por uma verdadeira ONU de pessoas impassíveis, olhando para baixo e sem ver nada ao seu redor. Ninguém estava olhando por muito tempo para nada além de suas telas."

A cena mostra que até experiências presenciais sucumbiram aos encantos do display: pense no absurdo de visitar um ponto turístico e admirá-lo por um tablet.

https://www.seaaccampinas.org.br/seu-filho-so-consegue-olhar-para-o-celular-o-cerebro-dele-esta-em-perigo/

Texto 4 

Como redes sociais hackeiam sua mente

(...)

Se você também se pergunta por que é tão difícil largar as redes sociais, a resposta está em “apenas” uma palavra: dopamina. Este neurotransmissor produzido pelo cérebro no sistema mesolímbico (conhecido também como “circuito de recompensa”), atua sobre o humor, o prazer, o aprendizado, a motivação, a coordenação motora, entre outras. 

Sua liberação ocorre sempre que um estímulo externo é interpretado pelo cérebro como algo prazeroso. Esse estímulo pode vir ao se realizar atividades físicas, fazer sexo, comer chocolate, jogar videogame ou até no consumo de drogas lícitas e ilícitas. “O cérebro precisa de substâncias como a dopamina e serotonina para se sentir bem e ele aprende rapidamente quais atividades dão a ele as maiores quantidades”, explica a psicóloga clínica e fundadora do Laboratório Delete, Anna Lucia Spear King, também professora do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Entre essas atividades está o uso das redes sociais.

A psicologia por trás dos algoritmos

Redes sociais são grandes fontes de dopamina não só porque a conexão com nossos amigos é divertida. Elas foram projetadas para sentirmos prazer, para que cada usuário fique imerso por horas naquela “realidade”. Jeff Orlowski, em seu documentário“O Dilema das Redes”, mostra como desenvolvedores de sites e redes sociais como Facebook, Instagram, Pinterest e Gmail, projetaram o design desses produtos com base em estudos sobre psicologia comportamental. 

O ponto de encontro entre programação e psicologia é o Laboratório de Tecnologia Persuasiva da Universidade de Stanford. Com o objetivo autodeclarado de ensinar os programadores do Vale do Silício – região da Califórnia, conhecida por ser o lar de algumas das principais empresas de tecnologia do mundo como Google, Facebook e Netflix – a transformar o comportamento dos usuários de seus produtos. Para cumprir esse objetivo, o laboratório recorreu à obra de um dos maiores especialistas em comportamento do século XX, Burrhus Frederick Skinner.

Ele ficou conhecido pelo seu estudo na área comportamental da psicologia, em especial sobre esquemas de reforçamento. O psicólogo, por meio do Condicionamento Operante, buscava modificar comportamentos por meio dos “esquemas de reforço”. O esquema de reforço ensina o cérebro pela consequência após a ação. Se determinada ação é classificada como “boa”, há um estímulo positivo para que o cérebro repita essa ação no futuro. Quando uma ação é classificada como “ruim”, acontece o contrário: por meio de um estímulo negativo, busca-se ensinar o cérebro a não repeti-la.

Nas redes sociais os reforços positivos são constantes: curtidas, comentários em publicações e atualização dos feeds. Esses elementos são chamados de reforçadores de razão variável, porque nunca se sabe quando ou em que quantidade essa recompensa virá, como se fosse em uma máquina caça-níquel. Por meio dos esquemas de reforçamento, gradualmente o usuário das redes sociais passa a agir como um apostador: toda vez que olha para o celular, sente vontade de checar seus perfis para ver se há algum prêmio reservado para ele.

Quando esse prêmio está lá, ocorre a liberação de dopamina. Isso ocorre diversas vezes ao dia e exige pouco esforço do usuário, que deve apenas se manter conectado e ativo. 

(...)

Para o cérebro é muito mais fácil passar um grande período de tempo nas redes sociais ao invés de realizar outras atividades como exercícios ou estudos – isso ocorre devido ao pouco esforço que essas práticas exigem para se obter dopamina. Afinal, o que parece melhor: sair em pleno verão e correr um quilômetro ou ficar uma hora observando o feed?

(Disponível em https://www.ufsm.br/midias/arco/como-redes-sociais-hackeiam-sua-mente)


Proposta 2 

Você é um(a) jovem que está terminando o curso de graduação de Administração e tem muito interessa em Recursos Humanos. Como forma de entrar no mercado de trabalho, você se registrou em uma plataforma de mídia social focada em negócios e emprego, que publica também artigos dos participantes.

Inconformado(a) com a repercussão que o movimento redpills tem nas redes sociais, você resolve escrever um ensaio de refutação aos argumentos defendidos pelos participantes do movimento. O seu foco é minimizar o efeito das ideias misóginas no mercado de trabalho. No seu ensaio, você deverá:

- Justificar o ensaio, mostrando o perigo da ideologia redpills para o mercado de trabalho

- Contra-argumentar pelos menos dois tópicos dos argumentos dos redpills.

- Destacar a importância do respeito à mulher no trabalho.

Texto 1 

Movimento Red Pill: impactos na sociedade e no mercado de trabalho

Por Yara Leal em abril 10th, 2023 em Artigos

Para a Today, Yara Leal escreve sobre o surgimento do movimento Red Pill e suas consequências para o mercado de trabalho

(...)

O movimento reforça conceitos relacionados à submissão da mulher ao homem e propagam a ideia de que a mulher deve ser bela, recatada e do lar. Já os homens, estes sim devem lutar e viver seus sonhos e aspirações.

Conquistas da mulher

Contudo, a história descreve bem o esforço das mulheres para a conquista de direitos. E hoje, com muito orgulho, podemos afirmar que a participação feminina em todos os cenários sociais é crescente, com números cada vez mais expressivos de mulheres em cargos de liderança em todos os campos de atuação (casa, trabalho, política, etc).

Ainda há desafios a serem enfrentados em relação à igualdade de gênero no mercado de trabalho e, em razão de pensamento e movimentos como o Red Pill, ainda há muitas barreiras e preconceitos a serem quebrados. 

Contudo, a igualdade de gênero vem sendo reforçada nas empresas e, inclusive, incentivada pela legislação vigente. A lei que instituiu o Programa Emprega + Mulheres, por exemplo, permite o compartilhamento do período da licença maternidade entre homens e mulheres. 

Impacto social e futuro das gerações

Comportamentos preconceituosos são descabidos nos dias de hoje. A diversidade está na pauta do dia de grande parte das empresas e cabe aos sócios, ao RH e aos líderes promoverem um ambiente de confiança, segurança e igualdade.

Para as futuras gerações, o cuidado deve começar em casa, pois não é segredo que a melhor lição é o exemplo. 

https://thinkworklab.com/artigos/yara-red-pill/

Texto 2

Ser mulher é enfrentar um desafio diferente todos os dias. É superar barreiras, muitas vezes, invisíveis. Apesar de serem a maioria da população brasileira (51,8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), elas ainda enfrentam cenários desiguais, seja na divisão das tarefas domésticas ou nos ganhos no mercado de trabalho. Muitas vezes, elas assumem tripla jornada. Saem para trabalhar, cuidam da casa, dos filhos. Em vários lares, elas são arrimo e sustentam sozinhas suas famílias. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), em 2018, 45% dos domicílios brasileiros eram comandados por mulheres.
  
Mas, apesar de liderarem casas e assumirem as contas, as mulheres ainda têm de lidar com a discriminação. Estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que 90% da população mundial ainda tem algum tipo de preconceito na questão da igualdade de gênero em áreas como política, economia, educação e violência doméstica.

Segundo o estudo, que analisou dados de 75 países, cerca de metade da população considera que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres, e mais de 40% acham que os homens são melhores diretores de empresas. Além disso, 28% dos consultados consideram justificado que um homem bata na sua esposa. Apesar da longa jornada enfrentada por elas ao longo da história, os números mostram que ainda há muito a caminhar.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-02/mulheres-tem-conquistas-mas-caminho-ainda-e-longo-para-igualdade

Texto 3 


Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019.
Nota: Consolidado de primeira entrevistas.

Texto 4

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019.
Nota: Dados do 2° trimestre

Texto 5


https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2023/03/08/brasil-bate-recorde-de-feminicidios-em-2022-com-uma-mulher-morta-a-cada-6-horas.ghtml