Amor (ô). S. m. 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração. (…) (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)

Não é recorrendo ao dicionário que se pode chegar à melhor definição para o Amor. Pelo menos da forma como ele está presente no cotidiano das pessoas. Camões, em sua lírica, já vislumbrava os efeitos contraditórios desse sentimento:
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
As relações sentimentais e o próprio Amor constituem um eixo que perpassa a vida de todos os seres humanos que, em maior ou menor intensidade, dedicam momentos de sua existência a amar.
O Amor motiva as pessoas ou as leva à depressão; extrai delas lágrimas – de alegria ou tristeza. O Amor está nas reflexões dos filósofos, na mídia, na literatura, na música, enfim, o Amor está na vida.
Valendo-se dos seus conhecimentos e dos textos a seguir, elabore uma dissertação em prosa, na qual exponha e fundamente seu ponto de vista sobre o tema:
O amor e a busca da felicidade: prós e contras.

TEXTO 2:
Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito
Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor.
(Tribalistas)
TEXTO 3:
Mais do que um fenômeno circunscrito a teens ou a adultos solitários, os relacionamentos românticos via internet tendem a se expandir em um futuro próximo e devem, como conseqüência, provocar um relaxamento das normas sociais e morais tais como as entendemos hoje. No limite, elas devem impor um novo padrão de ética à sociedade “off-line”, como defende o filósofo Aaron Ben-Ze’ev em seu livro “Love Online”
(…)
FOLHA: O sr. diz em seu livro que “a natureza interativa do ciberespaço exerce um profundo impacto sobre a estrutura social”. Que tipo de impacto?
AARON: A internet modificou dramaticamente o domínio do romântico e esse processo irá se acelerar no futuro. Tais alterações mudarão inevitavelmente as formas sociais atuais, como o casamento, a coabitação, as práticas românticas correntes relacionadas à sedução, sexo casual, namoros e a noção de exclusividade romântica. Podemos esperar um relaxamento das normas sociais e morais; esse processo não deveria ser considerado uma ameaça, pois não são as modificações on-line que põem em perigo os relacionamentos românticos, mas nossa falta de habilidade para nos adaptarmos a elas. O relaxamento dessas normas ficará particularmente evidente em questões que dizem respeito à exclusividade romântica. Será difícil evitar inteiramente as alternativas disponíveis. A noção de “traição” será menos comum no que diz respeito aos casos românticos.
Assim como o aumento da flexibilidade romântica, valores como estabilidade e maior camaradagem serão mais importantes. A natureza caótica e dinâmica do ciberespaço nunca irá substituir a natureza mais estável do “espaço real”, pois não podemos viver em um caos completo: do mesmo modo que outros tipos de significado, o significado emocional pressupõe algum tipo de base estável contra a qual ele é gerado. Apesar disso, o domínio romântico se tornará mais dinâmico, e será mais difícil perfazer as vantagens emocionais de uma estrutura romântica estável.
FOLHA: Do ponto de vista dos efeitos psicológicos, quais as diferenças entre o amor “convencional” e o “on-line”?
AARON: Em ambos os tipos de amor existem emoções reais, como desejo e ciúme. Mas existem muitas diferenças no que
diz respeito à prevalência de vários aspectos em cada tipo de amor. No amor on-line, o papel da imaginação é muito maior.
O ciberespaço revolucionou o papel da imaginação nos relacionamentos pessoais e elevou a imaginação de seu papel de ferramenta periférica – utilizada sobretudo por artistas e, no pior dos casos, por sonhadores e aqueles que, por assim dizer, não têm nada para fazer – a um meio central de relacionamento pessoal para muitas pessoas, que têm ocupações ou envolvimentos, mas preferem interagir on-line.
A internet encoraja outros tipos de trocas em relacionamentos românticos. Assim, a proeminência da comunicação verbal em comunicações on-line provavelmente irá aumentar a importância das habilidades intelectuais nas interações românticas.
(Marcos Flamínio Peres. Folha de S.Paulo, Caderno Mais!, 18.07.2004.)
TEXTO 4:
A americana Laura Kipnis, professora de comunicações na Universidade Northwestern, em Illinois, nos Estados Unidos, contesta alguns dos conceitos mais sagrados da sociedade, como o amor, o casamento e a monogamia. Em Against Love – A Polemic (Contra o Amor – Uma Polêmica, que será publicado neste ano no Brasil), livro de grande repercussão lançado em 2003 nos Estados Unidos, ela diz que, no mundo moderno, o amor passou a ser visto como a solução para as dúvidas existenciais do ser humano – e que isso é uma tremenda encrenca. A expectativa quanto à felicidade que o amor deve proporcionar complicou o casamento e outros tipos de relação estável, pois exige do casal um esforço inédito para que as coisas dêem certo. Para a professora, essa nova realidade é uma enorme fonte de stress e depressão. (…)
VEJA: O amor traz felicidade?
LAURA: Não exatamente. A idéia de que o amor leva à felicidade é uma invenção moderna. A gente aprende a acreditar que o amor deve durar para sempre e que o casamento é o melhor lugar para exercê-lo. No passado não havia tanto otimismo quanto à longevidade da paixão. Romeu e Julieta não é uma história feliz, é uma tragédia. O mito do amor romântico que leva ao casamento e à felicidade é uma invenção do fim do século XVIII. Nas últimas décadas, a expectativa quanto ao casamento como o caminho para a realização pessoal cresceu muito. A decepção e a insatisfação cresceram junto.
VEJA: Ou seja, enquanto antes as pessoas sofriam porque os casamentos eram arranjados, hoje sofrem porque acham que
devem encontrar a pessoa ideal?
LAURA: Exato. Imagine alguém dizer que é contra o amor. É considerado um herege. As propagandas, as novelas, os filmes,
os conselhos dos parentes, tudo contribui para promover os benefícios do amor. Deixar de amar significa não alcançar o que é mais essencialmente humano. O casamento é envolto pelo mesmo tipo de cobrança. E, quando cai por terra a expectativa do romance e da atração sexual eternos, surge a pergunta: “O que há de errado comigo?” (…).
(Diogo Schelp. Contra o Amor. Veja, 19.05.2004.)
TEXTO 5:
“– (…) Para mim era um êxtase divino, uma espécie de sonho em ação, uma transfusão absoluta de alma para alma; para ele o amor era um sentimento moderado, regrado, um pretexto conjugal, sem ardores, sem asas, sem ilusões… Erraríamos ambos, quem sabe?”
(Machado de A a Z. Lucia Leite Ribeiro Prado Lopes. Editora 34. São Paulo, 2001.)