as diversas perguntas feitas a Chico Bento por Zé Lelé, em seu falar caipira, refletem a omissão e o descaso dessa personagem com respeito aos problemas ambientais, os quais são percebidos por aquele - cujo pessimismo é patente, dar sua fala laconica, marcada por reticencias que sugerem muito mais do que aquilo que efetivamente foi dito.

o caipirês' empregado por ambas as personagens - neologismo criado a partir da junção da base caipir- mais o sufixo -ês - não impede que a interação, entre os interlocutores, se dê de forma satisfatória, uma vez que Zé Lelé alcança a profundidade da reflexão feita por Chico Bento, no que se refere à prescindibilidade de prevenir o embrutecimento do homem e a aridez do ambiente rural.

o interesse do primeiro interlocutor por árvores de qualquer espécie é tamanho - decorrendo daí o efeito humorístico da tira - que ele não percebe ser a resposta do segundo interlocutor um chamamento às autoridades mundiais para que a preservação dos ambientes naturais seja mantida, tal como é mostrado, de forma inequívoca, na tira.

a reprodução sistemática da fala, praticada por ambas as personagens, como em "di" por "de", acarreta problemas quando da interpretação do conteúdo veiculado, seja pelo primeiro interlocutor, seja pelo segundo, já que ambos pertencem ao mesmo ambiente, o rural, repleto de belezas naturais.

as personagens, membros da mesma comunidade e usuários da mesma linguagem regional têm êxito na interação, devido ao fato de o primeiro falante, através da transferência metafórica, ficar sensibilizado quanto à necessidade de reflorestar áreas desmatadas.

I.R.