A Redenção de Cam. Modesto Brocos y Gomes. Óleo sobre tela. 1895
Foi assim que a raça gerada por Cam, na terra adusta da África, ficou sendo preta e feia, maltratada e escrava. No grande quadro do meu amado Brocos, aquela admirável preta velha, de mãos erguidas ao céu, é a descendente d’aquele mau filho, que, tendo visto bêbado o pai, teve a ousadia de achar engraçada a sua patriarcal bebedeira. (...) Na sua grande tela belíssima, já a filha da velha preta está meio lavada da maldição secular: já não tem na pele a lúgubre cor da noite, mas a cor indecisa de um crepúsculo. (...) Vede a aurora-criança como sorri e fulgura, no colo da mulata, - aurora filha do dilúculo, neta da noite... Cam está redimido! Está gorada a praga de Noé!
ILAC, O. [pseudônimo ass. Fantasio]. “A redempção de Cham”. Gazeta de Notícias, 5/9/1895.
Considere as afirmações a seguir:
I O texto de Bilac e a pintura de Brocos têm visões antagônicas com relação à mestiçagem como fenômeno de aperfeiçoamento racial.
II A maldição bíblica de Cam foi evocada como uma das justificativas religiosas para a escravização dos negros africanos desde o século XVI.
III A defesa do branqueamento da população do Brasil foi sustentada na segunda metade do século XIX e relacionou-se com o estímulo à imigração europeia.