Anda esquecido um forte romance, “Dona Guidinha do Poço”, de Manuel de Oliveira Paiva (1861-1892). O autor, jornalista cearense e combativo republicano, aluno que foi de Benjamin Constant na Escola Militar da Praia Vermelha, morreu cedo e seu romance teve um destino ingrato: publicados apenas seus primeiros capítulos numa revista do século XIX, só alcançou edição completa em livro em meados do século XX – já completamente desgarrado do Naturalismo que tão bem representou. Seu interesse hoje está, a meu ver, na singularidade da fazendeira Dona Guidinha, mulher de poder e empoderada, dona de personalidade acachapante e protagonista da história política de sua região cearense, qualidades que assumiu com radical coerência até o fim.
(Valdércio Coimbra, inédito)
Com muita frequência, a literatura de uma época ganha novo sentido em outra, num processo de atualização permitido pelos novos fatos históricos. Considerando-se o contexto, tal fenômeno é registrado na seguinte passagem do texto: