Antônio Correa era bufarinheiro ou vendedor de miudezas no Peru. Acusaram-no de apóstata porque, tendo sido batizado, praticava a lei de Moisés: era judaizante porque rezava os Salmos de Davi sem o gloria Patri; era judeu porque guardava os sábados; era rebelde porque possuía uma Bíblia em romance; era fautor de hereges porque, em viagem que fez a Huancavelica, rezava certas orações que, segundo ele, tinham o dom de afastar qualquer perigo, e aconselhava a seus companheiros que o imitassem. (...) preparava-se já a Inquisição para lançá-lo à fogueira, quando o réu se manifestou tão contrito que o Tribunal dele se apiedou, limitando-se a condená-lo ao uso do sambenito por três anos, com a obrigação, de nos dias de festa, ouvir missa solene na Catedral de Lima, além de outras práticas piedosas.
(Ricardo Palma, relatando processo do século XVII em Lima, citado por José Antônio Lavalle.)
a) Indique o contexto histórico abordado no texto.
b) A partir do texto, indique dois exemplos de acusações freqüentemente utilizadas em processos semelhantes.