Apesar de alegarem nos pronunciamentos a impassibilidade em face das emoções, esses poetas foram na prática carregados de emotividade e paixão, em grande parte de suas obras. Quanto à linguagem, apegaram-se ao rigor gramatical e restauraram muito da dicção dos clássicos, fazendo deste modo um retorno à tradição. Provavelmente isto contribuiu para lhes dar voga e credibilidade, pois facilitava o entrosamento com as aspirações dominantes da cultura oficial. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a [sua] visão luxuosa, a sua descrição de vasos de porcelana, salas de mármore, metais preciosos, joias, tecidos raros, não representava para as classes dominantes uma espécie de correlativo da prosperidade material, e, para o comum dos leitores, uma miragem compensadora que dava conforto.
Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007, p.73 (com adaptações).
Consideradas as descrições apresentadas no texto precedente, é correto afirmar que a fase da cultura brasileira a que ele se refere corresponde à produção estética dos poetas