Áporo
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.
(Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)
O sujeito poético usa o termo “perfurando” para referir-se ao movimento do inseto, porque