Questão
Sprint USP - FUVEST
2023
Não se aplica
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Após a leitura, responda à questão.

O Cão-Tinhoso olhava-me com força. Os seus olhos azuis não tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam cheios de lágrimas que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer. Quando eu olhava agora para dentro deles, sentia um peso muito maior do que quando tinha a corda a tremer de tão esticada, com os ossos a querer fugir da minha mão e com os latidos que saíam a chiar, afogados na boca fechada. [...]

A minha Ponto 22 de Um Tiro estava com um peso danado, e por isso o Cão-Tinhoso fartava-se de dançar no ponto de mira. Só os olhos dele é que não se mexiam nada e olhavam sempre para mim. Comecei a puxar o gatilho muito devagar.

HONWANA, L. B. Nós matamos o Cão-Tinhoso. Porto: Afrontamento, 2000 (adaptado).

No conto moçambicano “Nós matamos o cão tinhoso!”, publicado em 1964, a ação descrita por parte do narrador-protagonista faz com que ele
A
se adapte à violência do sistema, apesar de manifestar sensibilidade em relação ao cão.
B
demonstre remorso sobre a prática criminosa ordenada pelo médico veterinário.
C
se compadeça da situação, de tal forma que o seu drama possibilita libertar o cão.
D
se espante com a humanização do animal, a ponto de isso gerar nele estranhamento.
E
salve toda a sua malta, a partir do momento de solidarização com o cachorro.