Aqueles que apoiavam a existência de uma força vital [na Biologia] tinham visões altamente diversificadas sobre a natureza de tal força. Da metade do século XVIII em diante, o agente vital foi caracterizado com mais frequência como um fluido (não um líquido), em analogia com a gravidade de Newton e com o calórico, o flogisto e outros “fluidos imponderáveis”. A gravidade era invisível e também o era o calor que fluía de um objeto quente para um frio; portanto, não era considerado problemático ou improvável para os vitalistas que o fluido vital fosse também invisível, mesmo que não necessariamente sobrenatural.
[...] Em parte por causa de seu aprendizado teleológico, os vitalistas se opuseram veementemente ao selecionismo de Darwin. A teoria da evolução de Darwin negava a existência de qualquer teleologia cósmica, substituindo-a por um “mecanicismo” para a mudança evolutiva — a seleção natural. O selecionismo tornou o vitalismo supérfluo no reino da adaptação.
[...] A derrocada do vitalismo, em vez de levar à vitória do mecanicismo, resultou em um novo sistema explicativo. Esse novo paradigma aceitava que os processos no nível molecular poderiam ser explicados exaustivamente por mecanismo físico-químicos, mas que esses mecanismos desempenhavam um papel cada vez menor, se não desprezível, em níveis de integração mais altos. Eles são substituídos pelas características emergentes dos sistemas organizados.
(MAYR, Ernst. Isto é biologia: a ciência do mundo vivo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 30-38).
No século XIX, a biogênese vence a guerra contra a geração espontânea travada ao longo de muitos anos de observações, nem sempre tão científicas e de debates, nem sempre tão pacíficos.
A respeito desse tema, é possível afirmar que