O Auto da Barca do Inferno é uma das três peças que compõem a Trilogia das Barcas do teatro vicentino. Gil Vicente é autor do período literário português, conhecido como Humanismo.
Texto I
ANJO: Que mandais?
FIDALGO: Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso
é esta em que navegais.
ANJO: Esta é; que lhe buscais?
FIDALGO: Que me deixeis embarcar;
sou fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
[...]
ANJO: Pra vossa fantasia
mui pequena é esta barca.
FIDALGO: Pra senhor de tal marca
não há aqui mais cortesia?
[...]
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.
Os diálogos entre o anjo e o fidalgo põem em discussão não só os valores de um mundo medieval, mas também do mundo contemporâneo. A atualidade dessa discussão decorre de que o homem de hoje, ainda, assume falsos posicionamentos semelhantes ao de uma das personagens da cena. Essa atualidade é apresentada, por meio de