Ao fazer referência ao processo de colonização do Brasil, o samba evidencia o apagamento de mulheres, mestiços, e indígenas deste período pela história contada nos livros oficiais. Como contraponto, propõe que personagens esquecidos tenham seu lugar junto aos “heróis emoldurados”.

A música trata da luta contra a escravidão no Brasil ao destacar figuras como Dandara, a princesa Isabel e o jangadeiro Francisco José do Nascimento, o “Dragão do Mar”. Com isso, considera igualmente valorosos os esforços da monarquia e da sociedade civil durante a chamada campanha abolicionista.

Ao chamar o Brasil de “meu dengo”, o samba exalta o caráter afetuoso dos brasileiros, resultado da ausência de episódios violentos em sua trajetória ao longo do tempo. Não por acaso, os versos foram batizados de “história para ninar gente grande”, ressaltando o caráter pacífico de sua população.

Ao recuperar personagens como Dandara, Luíza Mahin e o “Dragrão de Aracati”, o samba-enredo defende a necessidade de valorização das trajetórias e culturas afro-brasileiras e indígenas. Com isso, se contrapõe à história oficial, idealizadora de massacres promovidos contra essas populações.