Bruno Latour identifica em um dos impasses cruciais do mundo contemporâneo as raízes modernas da distinção entre fato e valor e apregoa, para a solução satisfatória desse impasse, uma reflexão epistemológica sobre a atividade científica, com o deslocamento de uma ciência versus política para uma ciência com política. Segundo ele, os negacionistas climáticos lograram difundir na opinião pública uma ideia de que há uma controvérsia com relação às causas do aquecimento global. “E este é um dos problemas que paralisam a política no Antropoceno. Não se trata de um debate racional. Trata-se, isso sim, de um debate para o qual os climatólogos do IPCC, que teriam sido considerados racionais em outro clima, estão sendo destituídos de poder. Eles são retratados como irracionais por aqueles que usam o poder da razão e apelam para a liberdade de investigação científica para poluir não apenas a atmosfera, mas também a esfera pública […]. E isso, por que? Porque ambos os lados – e eis o que produz a ideia de que há dois lados – usam o mesmo repertório ciência versus política” (LATOUR, Bruno. Para distinguir amigos e inimigos no tempo do Antropoceno).
Considere os três enunciados abaixo e, em seguida, marque a opção que interpreta CORRETAMENTE o pensamento de Latour.
I - A ação dos negacionistas é política, uma vez que a política apenas distorce os fatos.
II - A ação dos climatólogos é científica, uma vez que a ciência é o campo dos fatos incontroversos.
III - A solução do impasse exige reflexões de caráter filosófico acerca da ciência.