CATAR FEIJÃO
Catar feijão se limita com escrever:
Joga-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na da folha de papel;
E depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
Água congelada, por chumbo seu verbo
Pois para catar esse feijão, soprar nele,
E jogar fora o leve e oco, palha e eco.
MELO NETO, João Cabral de. In: NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. 18 ed. São Paulo: Scipione,2011 (fragmento).
Nesse poema, o eu lírico mobiliza recursos expressivos que inferem que o ato de escrever