COMO A DESIGUALDADE PODE ESTAR IMPULSIONANDO AS SELFIES SENSUAIS
O que está por trás do fenômeno da selfie sexy? A obsessão online que vivemos hoje tem sido vinculada à vaidade e até à opressão de gênero. Mas esse poderia ser também um comportamento guiado pela economia
(1) Uma imagem vale mais que mil palavras. Da mesma forma, parece que há mais por trás das selfies do que pode parecer à primeira vista. A obsessão online que vivemos hoje tem sido vinculada à vaidade e até à opressão de gênero. Mas poderia ser também um comportamento guiado pela economia?
(2) Asma Elbadawi é uma artista visual de origem inglesa e sudanesa. Ela acha que o capitalismo moderno impulsiona as mulheres a se fotografarem como objetos de desejo. Recentemente, ela postou uma selfie no Instagram com desenhos no rosto, lembrando as marcas feitas em pacientes antes de uma cirurgia plástica. Elbadawi, ativista reconhecida pelo empoderamento de jovens muçulmanas, afirma que sua intenção era usar a linguagem de cartazes publicitários, criando uma mensagem irônica.
(3) O trabalho de Elbadawi levanta uma questão interessante. Conquistas femininas possibilitaram às mulheres denunciarem tudo que as objetifica, desde a cantada na rua até a cultura machista do teste de fidelidade de programas de auditório. Apesar disso, a disseminação das redes sociais faz com que sejamos bombardeados com imagens sexualizadas de mulheres. Por quê?
(4) Khandis Blake, psicóloga na Universidade de New South Wales, em Sydney, pesquisa o que a sexualização das mulheres pode nos dizer sobre as sociedades. Segundo ela, as selfies são geralmente tiradas como um sinal de discriminação de gênero. Ou seja, as mulheres tiram selfies porque elas sentem que precisam parecer atraentes para os homens.
(5) Mas, além disso, a última pesquisa de Blake encontrou um aspecto econômico. O resultado é que o fenômeno da selfie sexy é mais prevalente em países educados e desenvolvidos, afirma Blake. "São as mesmas sociedades que passaram décadas lutando contra a objetificação sexual de mulheres e garotas - e que estão fazendo com que homens poderosos expliquem seu comportamento em relação a mulheres".
(6) Para entender essa aparente contradição, a equipe da psicóloga avaliou indicadores econômicos e de gênero nesses países e descobriu que as mulheres são mais propensas a investir tempo e esforço em tirar e postar selfies sexy em países onde a desigualdade econômica está subindo.
(7) Isso explicaria, segundo ela, por que os Estados Unidos, Reino Unido e Cingapura - onde a desigualdade de renda está aumentando - estão entre os países mais viciados em selfies, juntamente com um conjunto de países menos desenvolvidos mas muito desiguais - como Brasil, México e Colômbia.
UCHOA, P. #Instaperfect: como a desigualdade pode estar impulsionando as selfies sensuais. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45416858>. Acesso em: 25 set. 2018 (adaptado).
A propósito do uso do acento grave indicativo de crase no TEXTO, avalie as análises abaixo.
I. A expressão “à primeira vista” (1º parágrafo), recebe o acento grave por causa da regência do verbo “parecer”, que exige complemento com a preposição “a”.
II. Em “A obsessão online que vivemos hoje tem sido vinculada à vaidade” (1º parágrafo), o uso do acento grave indica a contração da preposição “a” exigida pela locução “tem sido vinculada” e o artigo “a”, determinante do substantivo “vaidade”.
III. Na expressão “até à opressão de gênero” (1º parágrafo), o uso do acento grave é facultativo, pois “até” já cumpre a função de preposição.
IV. No trecho “Conquistas femininas possibilitaram às mulheres denunciarem tudo que as objetifica” (3º parágrafo), o uso do acento grave é obrigatório para indicar a junção da preposição exigida pelo verbo “possibilitar” com o artigo “as”, que antecede o substantivo “mulheres”.
V. Em “descobriu que as mulheres são mais propensas a investir” (6º parágrafo), o uso do acento grave diante do substantivo “mulheres” é facultativo, pois a conjunção “que” já cumpre a função de preposição.
Estão CORRETAS, apenas, as proposições