Canto IV
Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.
Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!
Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.
Gonçalves Dias. I- Juca Pirama. In: Os timbiras e outros poemas. São Paulo: Martin Claret, 2002.
Com relação ao poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, e ao fragmento acima, julgue o item a seguir.
O canto IV de I-Juca Pirama é considerado o canto de morte do índio tupi, que, em primeira pessoa, implora pela própria vida, para que possa resgatar o pai doente e alquebrado.