Em Canudos, a bandeira usada pelos seguidores de Antônio Conselheiro era a do Divino Espirito Santo - a bandeira do nosso povo, pobre, negro, índio e mestiço. Povo que o Brasil oficial, o dos brancos e poderosos, mais uma vez (e como já sucedera em Palmares e no Contestado), iria esmagar e sufocar, confrontando-se ali, no caso, duas visões opostas de justiça.
Como era de esperar, a “justiça” dos poderosos também ali cortou a cabeça do Brasil real. E os acontecimentos de Canudos continuam a se repetir a cada instante. Em todos os lugares. Em todos os campos de atividade. Diariamente, incessantemente. Quando, no interior do país, uma milícia de poderosos, governamental ou não, assassina um pobre posseiro e sua família, é o Brasil dos que incendiaram e arrasaram Canudos que está atirando no Brasil real e matando seu povo. Quando, numa grande cidade, a polícia invade uma favela ou destrói uma “invasão”, são outros tantos dos nossos inumeráveis “arraiais de Canudos” pertencentes ao Brasil real que estão sendo destruídos e assolados pelo país oficial, que, para isso, consegue recrutar, a seu serviço, outros pobres integrantes do Brasil real. (SUASSUNA. 2018).
A referência feita por Ariano Suassuna ao movimento de Canudos revela que o arraial Conselheirista