Cerrou os olhos. O movimento muito lançado do coupé, o calor, a presença dele, o contacto da sua mão, do seu joelho, amoleciam-na. Sentia um desejo a alargar-se dentro do peito.
— Em que vais tu a pensar? — perguntou-lhe ele baixo, muito terno.
Luísa fez-se vermelha. Tinha medo de falar, de lhe dizer...
Basílio tomou-lhe a mão devagarinho, com respeito, com cuidado, como uma coisa preciosa e santa; e beijou-lha de leve, com a servilidade de um negro e a unção de um devoto. Aquela carícia tão humilde, tão tocante, quebrou-a; os seus nervos distenderam-se; deixou-se cair
para o canto do coupé, rompeu a chorar...
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. 16. ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 113.
O texto, no todo da obra, permite afirmar: