Cheguei aqui nuns outubros de um ano que não sei, não estava velha nem estou, talvez jamais ficarei porque faz-se hámuito tempo nos adentros importante saber e sentimento. Amei de maneira escura porque pertenço à Terra, Matamoros mesei desde menina, nome de luta que com prazer carrego e cuja origem longínqua desconheço, Matamoros talvez porquemato-me a mim mesma desde pequenina, não sei, toquei os meninos da aldeia, me tocavam, deitava-me nos ramos e eraafagada por meninos tantos, o suor que era o deles se entranhava no meu, acariciávamo-nos junto às vacas, eu espremia osubres, deleitávamo-nos em suor e leite e quando a mãe chamava o prazer se fazia violento e isso me encantava, desde sempretudo toquei, só assim é que conheço o que vejo [...].
HILST, Hilda. Tu não te moves de ti. São Paulo: Globo, 2004, p. 61.
No texto, o fluir do tempo é visto como