Chora um bem perdido, porque o
desconheceu na posse
Porque não merecia o que lograva,
Deixei como ignorante o bem que tinha,
Vim sem considerar aonde vinha,
Deixei sem atender o que deixava:
Suspiro agora em vão o que gozava,
Quando não me aproveita a pena minha,
Que quem errou sem ver o que convinha,
Ou entendia pouco, ou pouco amava.
Padeça agora, e morra suspirando
O mal, que passo, o bem que possuía;
Pague no mal presente o bem passado.
Que quem podia, e não quis viver gozando
Confesse, que esta pena merecia,
E morra, quando menos confessado.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018 (p. 224).
A poesia barroca de Gregório de Matos pode ser classificada em vários tipos, sendo o exemplo acima enquadrado no que o crítico literário Miguel José Wisnik chama de poesia lírico-amorosa. Nesse sentido, é possível afirmar que o soneto: