“Contemplei por algum tempo este movimento estranho de fé colorida, quando me ocorreu a ideia de fazer uma experiência, desvendar a alma dos crentes por meio de um reagente qualquer que permitisse estudar a reação nas fisionomias (...) provocar a revolta para ver alguma coisa do inconsciente. Dei meia volta, subi rapidamente em direção à catedral, tomei um elétrico e meia hora depois voltava munido de um boné.”
(Flávio de Carvalho. Experiência n. 2: realizada sobre uma procissão de Corpus-Christi, uma possível teoria e uma experiência. Rio de Janeiro: Nau, 2001, sem paginação.)
Flávio de Carvalho é um artista plural. Extrapola seu tempo. No texto acima, o próprio artista descreve sua Experiência n. 2, atualmente vinculada às performances que, apesar de estarem em voga desde o futurismo italiano, e principalmente desde os surrealistas e dadaístas, só ganhariam um vocabulário crítico mais consistente depois dos anos 1950. Comente a obra de Flávio de Carvalho, ressaltando suas peculiaridades, o caráter inovador do seu processo de criação e explique a obra Experiência n.2, diretamente ligada às performances dos anos 1950.