O DOMADOR
Alturas da Avenida. Bonde 3.
Asfaltos. Vastos, altos repuxos de poeira
Sob o arlequinal do céu ouro-rosa-verde...
As sujidades implexas do urbanismo.
Filets de manuelino. Calvícies de Pensilvânia. (...)
Mário, paga os duzentos réis.
São cinco no banco: um branco,
Um noite, um ouro,
Um cinzento de tísica e Mário...
Solicitudes! Solicitudes!
Mas... olhai, oh meus olhos saudosos dos ontens
Esse espetáculo encantado da Avenida!
Revivei, oh gaúchos Paulistas ancestremente!
E oh cavalos de cólera sanguínea!
Laranja da China, laranja da China, laranja da China!
Abacate, cambucá e tangerina!
Guardate! Aos aplausos do esfusiante clown.
Heróico sucessor da raça heril dos bandeirantes,
Passa galhardo um filho de imigrante,
Louramente domando um automóvel!
ANDRADE, Mário de. Pauliceia desvairada. São Paulo: Projeto Livro Livre, 2016 (p. 19-20).
No verso “Sob o arlequinal do céu ouro-rosa-verde...”, o termo destacado corrobora com uma premissa da primeira geração modernista. Esse mesmo processo se repete ao longo do poema, apenas NÃO em: