A Declaração da Independência do Brasil em 1822 não é uma história de reis e princesas e sim uma história da população contra o absolutismo. Não se trata de uma separação amigável decidida por monarcas, mas de um processo resultante de conflitos profundos, principalmente nos âmbitos econômico e financeiro. Às vésperas da Independência, a gestão das contas públicas se revelou decisiva para a sustentação política do governo, e o de Dom João VI, depois de ter raspado os cofres, finalmente ruiu. O que estava em jogo nas décadas de 1810 e 1820 não era a disputa entre grupos partidários ou ideológicos, mas a própria definição de quem poderia tomar as decisões sobre o orçamento: se o rei, sozinho ou representantes de cidadãos e contribuintes. No fim das contas, as insatisfações e os conflitos provocados pelo descalabro financeiro da Corte joanina trariam como resultado a ruína do absolutismo e a instalação de uma monarquia constitucional na América do Sul.
Adapatado de Rafael Cariello e Thales Zamberlan Pereira, A Crise Inaugural in Piauí 181, 2021.
Com base no texto, analise as afirmativas a seguir sobre a interpretação do processo de independência do Brasil.
I. Os autores apresentam uma interpretação nacionalista, com ênfase no protagonismo da Família Real, que soube liderar a construção da soberania brasileira.
II. Os autores consideram que a emancipação resultou de uma crise fiscal que motivou o posicionamento de grupos contra o absolutismo do rei, nas Américas e em Portugal.
III. Os autores afirmam que a separação política resultou do conflito entre elites brasileiras produtoras de commodities e comerciantes portugueses, ciosos em manter o exclusivo comercial.
Está correto o que se afirma em