“Desde Weismann (1889), vários cientistas tentam identificar a vantagem do sexo, capaz de justificar a origem e a manutenção da reprodução sexuada. Algumas das hipóteses apontam para benefícios genéticos, e outras, para vantagens ecológicas, como a ‘teoria da Rainha Vermelha’.
A teoria da Rainha Vermelha, proposta por William D. Hamilton, em 1980, admite que os parasitas estão em toda parte e procuram sempre, por sua natureza, explorar seus hospedeiros. Além disso, são específicos para seus hospedeiros, que, por sua vez, podem ou não possuir resistência natural ao ataque.
O tempo de geração dos parasitas é muito menor que o dos hospedeiros, e, por isso, as taxas de mutação dos primeiros são muito maiores que as dos segundos. Entretanto, a reprodução sexuada dos hospedeiros favorece a produção de filhos geneticamente diferentes dos demais da população, o que aumenta as suas chances de sobrevivência.
O mundo em que esse modelo está inserido ficou conhecido como o mundo da Rainha Vermelha... em referência a uma passagem da fábula Alice no país dos espelhos, do inglês Lewis Carol, na qual Alice foge do exército (de cartas de baralho) da Rainha Vermelha, mas não consegue distanciar-se de seus perseguidores. Nesse momento, é advertida pela Rainha Vermelha: ‘Aqui veja, você precisa correr o máximo possível para se manter no mesmo lugar’.
Segundo Hamilton, uma ‘corrida armamentista’ entre hospedeiros e parasitas ocorre desde que a vida surgiu na Terra.
Os parasitas estão sempre quebrando as barreiras defensivas impostas pelo sistema de defesa dos hospedeiros, enquanto estes, com a ajuda do sexo, criam continuamente novas defesas. Na ausência do sexo, os hospedeiros permaneceriam na essência os mesmos, enquanto os parasitas iriam acumulando adaptações que lhes permitiriam quebrar todos os sistemas de defesa dos hospedeiros. Só resta a eles, para fugir do batalhão de parasitas que os perseguem, continuar correndo.”
FONSECA. In: Ciência Hoje, p. 28-30, com adaptações.
Acerca do assunto abordado no texto, depreende-se que