Desenganos da Vida Humana Metaforicamente
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos presa:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se a guarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
(Gregório de Matos. A poesia de Gregório de Matos. Introdução e seleção de Segismundo Spina. São Paulo: EDUSP, 1995)
Sobre o soneto acima, é CORRETO afirmar que o tema do poema é a transitoriedade das coisas no mundo, motivo fundamental da estética barroca. Para realizá-lo, o poeta valeu-se da mitologia clássica, presente na imagem de Fênix