Doze Anos
Chico Buarque
Ai, que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos
Que saudade ingrata
Dar banda por aí
Fazendo grandes planos
E chutando lata
Trocando figurinha
Matando passarinho
Colecionando minhoca
Jogando muito botão
Rodopiando pião
Fazendo troca-troca
Ai, que saudades que eu tenho
Duma travessura
O futebol de rua
Sair pulando muro
Olhando fechadura
E vendo mulher nua
Comendo fruta no pé
Chupando picolé
Pé-de-moleque, paçoca
E, disputando troféu
Guerra de pipa no céu
Concurso de piroca
a) “Doze anos”, de Chico Buarque de Hollanda, dialoga com outra poesia, muito conhecida, que desde há muito faz parte da memória nacional. Que poesia é essa e quem é seu autor?
b) Pelos recursos formais utilizados e pelas situações evocadas, “Doze anos” pode ser enquadrado na estética inaugurada pelo Modernismo. Aponte, no texto, pelo menos duas dessas características formais e duas dessas situaões.
c) Transcreva e explique um par de versos que sintetize as contradições da adolescência.