Entregou-se portanto em corpo e alma ao caboclo da casa do mangue, o mais afamado de todos os do ofício. Tinha-se já sujeitado a uma infinidade de provas, que começavam sempre por uma contribuição pecuniária, e ainda nada havia conseguido; tinha sofrido fumigações de ervas sufocantes, tragado beberagens de sabor muito enjoativo; [...] ia depositar quase todas as noites em lugares determinados quantias e objetos com fim de chamar em auxílio, dizia o caboclo, as suas divindades; e apesar de tudo a cigana resistia ao sortilégio.
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 26-27.
O trecho citado descreve um ritual religioso a que se submeteu Leonardo Pataca para conquistar o amor da cigana. Este ritual demonstra uma concepção de religiosidade, vigente no Brasil do início do século XIX, em que