Era certo. Sempre às sextas-feiras, em torno das dezesseis horas, Vieira, o diretor da escola, adentrava a sala dos professores e dava as boas tardes. Ali encontrava sempre o Pacheco, distraído, fora do mundo, a ler algum romance. E também outros docentes a quem considerava injustamente verdadeiras mulas sem cabeça, dado ao seu fraco índice cultural. Se a alguns professores tratava assim, aos alunos, indiscriminadamente, chamava de “os cola-tudo”. Quando o Vieira entrava, cessavam as conversas, os diz que diz incômodos. Ficavam todos surdos-mudos, mas ninguém pensava em fazer abaixos-assinados para tirá-lo da direção. (in: VENTURA, J. Em busca da infância perdida, p. 45. Texto adaptado).