Escritores e poetas negros foram tangenciados no cânone literário brasileiro, abarcando num esquecimento problemático para o entendimento do que é o nosso país. Ao longo da história, as heranças afrodescendentes se consolidaram por meio da música, da dança, da culinária e da cultura em geral, e de fato a sociedade não tem a pretensão de negar isso. Um dos problemas se encontra na produção literária: A literatura afro-brasileira é negada, como se não tivesse que pertencer à escrita.
A começar pelo embranquecimento de Machado de Assis, considerado um dos maiores – se não o maior – escritores brasileiros, que se consolidou na literatura por seus vários contos e romances. Vale ressaltar que sua obra se dirigia mais à crítica à elite branca brasileira do que a uma escrita pela memória, pela representatividade e pela identidade negra.
Outra tentativa de embranquecimento foi na obra A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Em sua escrita, o autor tenta desconfigurar a escrava para ser heroína, ocultando sua aparência negra, tanto pelas características físicas quanto em seus valores.
Nossa teoria literária foi muito mais focada na análise das nuances entre os movimentos realismo, romantismo, modernismo e parnasiasmo, culminando na desatenção a outros aspectos nas obras dos escritores negros reconhecidos pela crítica, como os textos políticos de Cruz e Souza, poeta catarinense, que não ganharam tanta atenção quanto às características simbolistas de sua obra.
(Disponível em < http://centrocultural.sp.gov.br/2020/03/11/literatura-negra-escrevivencias/> Acesso em 14 jun. 2022)
O texto aponta para um movimento de embranquecimento da literatura brasileira, fazendo referência – explícita e implícita – a diferentes autores do cânone literário do Brasil, como