“O ‘Estado [de S. Paulo]’, uma vez, publicou uma notícia proibida: o secretário da redação foi detido durante 3 horas na sede da Polícia Federal. Quando a situação ficava muito preta para o governo, ou ele não queria que se conhecessem bem as coisas, os censores iam para as oficinas. Lá, liam o jornal na última fase de preparação, antes de ir para as máquinas. E cortavam.
Cortavam e não deixavam que o espaço da notícia cortada ficasse em branco. O jeito foi, no ‘Jornal da Tarde’, publicar, naquele espaço, receitas de bolo e outros quitutes. No ‘Estado’, lançou-se mão de vários recursos até que se chegou à conclusão de que o melhor era publicar os ‘Lusíadas’, de Luís de Camões. Acontece que a receita ou os versos não cabiam no espaço da notícia cortada: eram publicados assim esmo e o público reclamava. Imagine! Comecei a fazer a receita e ela não termina! Ou comecei a ler um verso de Camões e o verso não acaba! Até que o público descobrisse que os jornais estavam sob censura, custou. Mas acabou percebendo”.
Depoimento de Oliveiros S. Ferreira, ex-diretor editorial do jornal O Estado de S. Paulo. (Adaptado).
Está de acordo com o texto a seguinte afirmação: