Estendido no marquesão, o senhor do engenho arquejava. A mulher perto dele chorava, enquanto os cabras já estavam no quarto rebulindo tudo. Foi quando se ouviu um grito que vinha de fora. Apareceu o velho Vitorino, acompanhado de um cangaceiro:
- Capitão, este velho apareceu na estrada, dizendo que queria falar com o senhor.
- Quem é você, velho?
- Vitorino Carneiro da Cunha, um criado às ordens.
- E o que quer de mim?
- Que respeite os homens de bem.
- Não estou aqui para ouvir lorotas.
- Não sou loroteiro. O Capitão Vitorino Carneiro da Cunha não tem medo de ninguém. Isto que estou dizendo ao senhor disse na focinheira do Tenente Maurício.
- O que quer este velho?
- Tenho nome, capitão, fui batizado.
- Deixa de prosa.
- Estou falando como homem. Isto que o senhor está fazendo com o Coronel Lula de Holanda é uma miséria.
- Cala a boca, velho. Um cangaceiro chegou-se para perto de Vitorino.
- Olha, menino, estou falando com o seu chefe. Ainda não cheguei na cozinha.
- Deixa ele comigo, Beija-Flor.
- O que eu lhe digo, Capitão Antônio Silvino, é o que eu digo a todo mundo. Eu, Vitorino Carneiro da Cunha, não me assusto com ninguém.
- Pára com isto, senão eu te mando dar um ensino, velho besta.
- Tenho nome. Sou inimigo político do Coronel Lula, mas estou com ele.
- Está com ele? Pega este velho, Cobra Verde. Vitorino fez sinal de puxar o punhal, encostouse na parede e gritou para o cangaceiro:
- Venha devagar. Uma coronhada de rifle na cabeça botou-o no chão, como um fardo.
(...)
- Mas quando ia mais adiantada a destruição das grandezas do Santa Fé, parou um cavaleiro na porta. Os cangaceiros pegaram os rifles. Era o Coronel José Paulino, do Santa Rosa. O chefe chegou na porta.
- Boa noite, Coronel.
- Boa noite, Capitão. Soube que estava aqui no engenho do meu amigo Lula e vim até cá. E olhando para o piano, os quadros, a desordem de tudo:
- Capitão, aqui estou para saber o que quer o senhor, do Lula de Holanda. E vendo D. Amélia aos soluços, e o velho estendido no marquesão:
- Quer dinheiro, Capitão? A figura do Coronel José Paulino encheu a sala de respeito.
- Coronel, este velho se negou ao meu pedido. Eu sabia que ele guardava muito ouro velho, dos antigos, e vim pedir com todo o jeito. Negou tudo.
- Capitão, me desculpe, mas essa história de ouro é conversa do povo. O meu vizinho não tem nada. Soube que o senhor estava aqui e aqui estou para receber as suas ordens. Se é dinheiro que quer, eu tenho pouco, mas posso servir. Vitorino apareceu na porta. Corria sangue de sua cabeça branca.
- Estes bandidos me pagam.
- Cala a boca, velho malcriado. Pega este velho, Cobra Verde.
- Capitão, o meu primo Vitorino não é homem de regular. O senhor não deve dar ouvido ao que ele diz.
- Não regula, coisa nenhuma. Vocês dão proteção a estes bandidos e é isto que eles fazem com homens de bem. (...)
- Coronel, eu me retiro. Aqui eu não vim com o intento de roubar a ninguém. Vim pedir. O velho negou o corpo.
- Pois eu lhe agradeço, capitão. (...)
(17:ed.Rio de Janeiro: j. Olimpio,1997.p.250-61)
Dadas as frases:
Estendido no marquesão, o senhor do engenho arquejava. Tenho nome, capitão, fui batizado. Apareceu o velho Vitorino acompanhado de um cangaceiro. Vocês dão proteção a estes bandidos.
Os termos em destaque, exercem, respectivamente a função sintática de: