Questão
Simulado USP - FUVEST
2021
Fase Única
Eu-Narrador-Sou-Teoria1789531fb61
Eu, O Narrador, Sou Teoria.

Manuela sorriu-me e embrenhou-se no mato, no mato denso do Amboim, onde despontava o café, a riqueza dos homens. O café vermelho pintava o verde da mata. Assim Manuela pintava a minha vida.

Manuela, Manuela onde estás tu hoje? Na Gabela? Manuela da Gabela, correndo no mato do Amboim, o mato verde das serpentes mortais, como o Mayombe, mas que parece o fruto vermelho do café, riqueza dos homens.

Manuela, perdida para sempre. Amigada com outro, porque a deixei, porque Manuela não foi suficientemente forte para me reter no Amboim e eu escolhi o Mayombe, as suas lianas, os seus segredos e os seus exilados.

Perdi Manuela para ganhar o direito de ser «talvez», café com leite, combinação, híbrido, o que quiserem. Os rótulos pouco interessam, os rótulos só servem os ignorantes que não veem pela coloração qual o líquido encerrado no frasco.

PEPETELA. Mayombe.


A técnica narrativa de relatos individuais faz com que a subjetividade invada a obra Mayombe de Pepetela. Nesse sentido, pode-se inferir, a partir do trecho acima e também da visão global do romance, que:

A
a emancipação de Angola só foi possível por causa de sacrifícios e abandono familiar.
B
o perfil dos guerrilheiros era experiente no combate, mas ignorante na sensibilidade.
C
a luta histórica não está dissociada das sensações dos humanos que se engajam nela.
D
o ressentimento de Teoria advém do fato de Manuela tê-lo traído com Sem Medo.
E
a independência individual colocava-se em detrimento da independência política.