Questão
Questão Inédita - Cursos Regulares
2023
Não se aplica
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A FÁBRICA DO POEMA

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas

E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à
espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
CALCANHOTTO, Adriana. A fábrica do poema. Disponível em: https://coruja.page.link/QRcn.
Acesso em: 29 jun. 2023.

Construção feita a duras penas, é correto afirmar que o “poema-miragem”
A
acaba por fazer o eu lírico despertar todo dia, em tomada de consciência.
B
é responsável por aguçar a sensibilidade estética do sujeito poético.
C
se torna um símbolo de angústia, na medida que facilmente se descontrói.
D
representa um trauma para o sujeito cancional, retornando como um fantasma.