Filha e genro ouviam sem prazer aqueles detalhes com negra e ervas, apalpadelas e candomblé. Balançavam a cabeça, quase apressavam o santeiro, homem calmo, amigo de narrar uma história com todos os detalhes. Só ele sabia dos parentes de Quincas, revelados em noite de grande bebedeira, e por isso viera. Adotava uma fisionomia compungida para apresentar “seus sentidos pêsames”.
Estava na hora de Leonardo ir para a Repartição. Disse à esposa:
— Vai na frente, eu passo na Repartição e não demoro a chegar. Tenho de assinar o ponto. Falo com o chefe...
Mandaram o santeiro entrar, ofereceram-lhe uma cadeira na sala. Vanda foi mudar a roupa. O santeiro contava de Quincas a Leonardo, não havia quem não gostasse dele na Ladeira do Tabuão. Por que se entregara ele — homem de boa família e de posses, como o santeiro podia constatar ao ter o prazer de travar conhecimento com sua filha e seu genro — àquela vida de vagabundo? Algum desgosto? Devia ser, com certeza.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. 44. ed. Rio de Janeiro: Record, 1979. p. 23-24.
O fragmento, inserido no todo da obra, permite afirmar: