Gregório de Matos Guerra
Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar a cabana e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça, e ao terreiro.
Muitos Mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés de homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres,
Eis aqui a cidade da Bahia.
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. SP:Cultrix,1996)
Analise as seguintes afirmações:
I) As denúncias que Gregório de Matos faz em suas poesias satíricas possibilitam a percepção da vida social, no período do Brasil Imperial. Essa característica do poeta perpassa toda sua produção artística, bem como é marca do estilo Barroco, o qual teve influência de valores renascentistas.
II) É possível inferir, a partir do poema, que a crítica que o eu-lírico faz à Bahia dirige-se ao povo que a habita e também à posição inferior do mestiço na sociedade do Brasil Colonial.
III) O tom satírico usado pelo poeta — que lhe valeu o apelido de “Boca do Inferno” — serve, no poema, para denunciar a sociedade da Bahia do período colonial.
IV) A poesia seiscentista de Gregório de Matos também possui um caráter bucólico, tendo como alvo as classes servis. A crítica do autor origina-se de ideais religiosos, ligados à educação ibérico-jesuítica.
Estão corretas apenas as afirmações