As Guerras Médicas – e esse monumento a elas que, para nós, ergueram as Histórias de Heródoto – territorializam o bárbaro, dão-lhe como rosto mais comum o do persa, mas fazem também surgir uma visão [...] da partilha entre gregos e bárbaros. Depreende-se claramente da obra que bárbaro não significa, em primeiro lugar ou necessariamente, barbárie (crueldade, excesso, falta de caráter...), mas que a clivagem fundamental [discerne] a pólis dos que, ignorando-a, vivem, não podem viver senão submetidos a reis.
(François Hartog. Memória de Ulisses: narrativas sobre a fronteira na Grécia antiga, 2004.)
O excerto refere-se ao livro escrito pelo historiador Heródoto, que viveu na Grécia de 484 a 425 a.C. Heródoto distingue os gregos dos seus inimigos persas, acentuando