Há diferenças enormes, aliás, entre Couto e Paulina Chiziane, a mais recente vencedora do Camões e igualmente moçambicana, mas diferente em cor. A autora de "Niketche" foi a primeira mulher da África a vencer o prêmio, como a primeira negra a publicar um romance no seu país.
O repórter pergunta se Couto avalia que ser um homem branco o ajudou a se tornar um dos autores mais prestigiados da língua portuguesa. Ele responde sorrindo que "gostaria de imaginar que não", e afirma ser fruto de uma "cota invisível pela sua condição racial".
São poucos milhares de brancos em Moçambique, diz ele, contra dezenas de milhões de negros. Mas esse privilégio está se dissolvendo; hoje o reconhecimento aos escritores negros é muito maior, o que se espelha na figura de Chiziane.
"Ela não ganha prêmios porque ela é mulher nem porque é preta, mas por sua obra", complementa ele, acrescentando que de quebra ela tem o mérito do pioneirismo.
Em Moçambique, houve ao longo da história "um clima que impedia que mulheres fossem lidas como sujeitos de sua própria história", ainda mais ao falar sobre sua sexualidade como faz Chiziane. "Além de um exemplo como escritora, ela é um exemplo de heroísmo."
PORTO, Walter. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 10 jun. 2022. (Adaptado).
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