Há muito se sabe que vegetais têm a capacidade de medir a passagem do tempo. Mas quem “ajusta” o relógio das plantas? A luz tem papel crucial nesse processo, também influenciado pela temperatura e por sinais internos, como a energia produzida pelo vegetal na forma de açúcares, por meio da fotossíntese. Os mecanismos moleculares do ajuste desse relógio biológico têm sido difíceis de desvendar, mas um estudo recente com participação de brasileiros deu um passo importante na compreensão de como esses fatores interagem e permitem sincronizar os processos internos da planta às condições ambientais. “Um relógio atrasado ou adiantado em relação ao ritmo do sol não é útil para a planta”, explica o biólogo Carlos Hotta, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), coautor do artigo que descreve o trabalho publicado este mês na revista Current Biology.
“O açúcar é aquilo que a planta usa como informação sobre seu próprio nível de energia”, diz Hotta. Seu grupo e o do biólogo Michel Vincentz, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conseguiram descrever como um açúcar específico, a trealose-6-fosfato, ativa uma sequência de reações que culmina em alterações cronológicas no metabolismo da planta. “É uma via metabólica que já tinha sido identificada, da qual nós conseguimos conectar os elementos com o relógio biológico da planta.”
Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/08/15/um-relogio-com-muitos-ponteiros/>. Acesso em: 18 ago. 2018.
Levando em consideração os estudos científicos sobre fotossíntese, explique por que é vantajoso para a planta o controle cronológico do metabolismo ao longo do dia.