Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. “Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração.” Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: “E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível...” Otimismo é alegria “por causa de”: coisa humana, natural. Esperança é alegria “a despeito de”: coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas, ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança ...
ALVES, Rubem. Ponto de vista. In: Concerto para corpo e alma. Disponível em:< https://www.facebook.com/permalink.php?id=12477 7224393818&story_ fbid=139797039558503 >. Acesso em: 27 nov. 2017.
Nesse texto, Rubem Alves fala de otimismo e esperança, mostrando a oposição existente entre os dois conceitos, recorrendo, para isso, à intextextualidade, que, nesse caso, se identifica pela