I
No tempo em que festejavam o dia dos meu anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
....................................................... *algibeira: bolso
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar sobrevivente a mim mesmo como um fósforo frio...
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Raiva de não ter trazido o passado guardado na algibeira*.
(Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa)
II
Às vezes, passo horas inteiras
Olhos fitos nestas braseiras,
Sonhando o tempo que lá vai; ** jornadear: andar, passear
E jornadeio** em fantasia
Essas jornadas que eu fazia
Ao velho Douro, mais meu pai.
(António Nobre)
Considerando-se os excertos, pode-se afirmar que os dois poetas,